A desigualdade de renda no Brasil cresceu em 2018 e atingiu um patamar recorde. Depois de um período em que esse indicador reduziu, entre 2012 e 2015, a recessão da economia fez com que essa discrepância entre a renda dos brasileiros mais ricos e mais pobres voltasse a crescer já a partir de 2016. No ano passado, o rendimento médio mensal do 1% dos brasileiros mais ricos era de R$ 27,7 mil. Esse valor é 33,8 vezes superior ao rendimento dos 50% mais pobres, que recebem R$ 820 mensais na média.
As informações fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de 2018, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (16). Os dados mostram o lado perverso da concentração de renda no país. A metade mais pobre da população, quase 104 milhões de brasileiros, vivia com apenas R$ 413 mensais, considerando todas as fontes de renda.
Em todo o país, 10,4 milhões de pessoas (5% da população) sobrevivem com R$ 51 mensais, em média. Se considerados os 30% mais pobres, o equivalente a 60,4 milhões de pessoas, a renda média per capita subia a apenas R$ 269.
A massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita no Brasil cresceu de 2017 para 2018: passou de R$ 264,9 bilhões para R$ 277,7 bilhões. O detalhe é que isso ficou bastante restrito. Os 10% dos brasileiros com os maiores rendimentos concentram 43,1% desse valor. Já os 10% com menores rendimentos detinham apenas 0,8% do montante.
Fim da crise não trouxe alívio
Mesmo passada a crise econômica, a desigualdade se agravou. A renda domiciliar per capita dos 5% mais pobres caiu 3,8% na passagem de 2017 para 2018. Ao mesmo tempo, a renda da fatia mais rica (1% da população) cresceu 8,2%. O Índice de Gini da renda domiciliar per capita - medida de desigualdade de renda numa escala de 0 a 1, em que quanto mais perto de 1 maior é a desigualdade - subiu de 0,538 em 2017 para 0,545 em 2018, patamar auge na pesquisa.
Os mais pobres ficaram mais pobres, os mais ricos ficaram mais ricos, confirmou Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad. Para a pesquisadora, o fenômeno tem relação com a crise no mercado de trabalho, que afetou especialmente o extrato de trabalhadores com menor qualificação e menor remuneração. "Continuam no mercado de trabalho aqueles que ganham mais", justificou.
Quando começou a melhora na geração de vagas, os desempregados que conseguiram retornar ao mercado de trabalho passaram a ganhar menos em funções semelhantes ou a atuar em postos informais, que também remuneram menos.
"Quando as pessoas perdem seus trabalhos, elas vão arrumar outras ocupações em que elas consigam ter alguma remuneração. Se o momento tem mais demanda por trabalho do que oferta, as pessoas acabam aceitando trabalhos com remunerações mais baixas" explicou a gerente da Pnad.
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