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Ao ser entrevistado pelo influenciador norte-americano Mario Nawafal, via plataforma Spaces, disponível dentro do X (antigo Twitter), neste sábado (4), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que “a censura quer destruir a direita no Brasil”. A entrevista está disponível no perfil do influencer, mas só pode ser acessada no Brasil com serviço de VPN.
“Durante a campanha eleitoral, quase todas as páginas derrubadas ou desmonetizadas me apoiavam. A censura quer destruir a direita no Brasil. Ainda bem que apareceu uma força vinda dos Estados Unidos, porque o governo Biden não cumpriu com seu compromisso de fazer a liberdade de expressão valer aqui no Brasil. Algumas [pessoas perseguidas no Brasil] conseguiram asilo nos Estados Unidos, outras foram detidas, algumas tiveram a polícia na porta de suas casas, para destruir a direita no Brasil. A esquerda aqui tem o apoio da imprensa oficial. Nós não temos. Temos as mídias sociais”, disse Bolsonaro ao fazer referência às denúncias do dono do X, o bilionário Elon Musk, no âmbito do escândalo que tem sido chamado de “Twitter Files Brazil”.
Musk tem denunciado a pressão de políticos, personalidades brasileiras e de parte do judiciário por censura a perfis não alinhados à esquerda. De acordo com as denúncias, parte significativa dos pedidos de censura partiram do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Bolsonaro ainda disse que “as provas de possível interferência via censura” têm que vir dos EUA. “Não temos como conseguir as provas”, completou.
Bolsonaro também citou o caso do jornalista português, Sérgio Tavares, que foi detido ao desembarcar no Brasil para cobrir a manifestação convocada pelo ex-presidente no dia 25 fevereiro de 2024. Segundo a PF, o jornalista foi detido por causa de publicações nas redes sociais com críticas ao governo Lula e a ministros do STF.
Ao ser perguntado sobre como estará o Brasil em 5 ou 10 anos, Bolsonaro disse que a democracia está ameaçada por “algumas autoridades que querem infringir leis para 'salvar a democracia' elegendo uma pessoa com amizade com ditadores do mundo todo: o atual presidente da República".
A fala faz referência à decisão da Justiça Eleitoral que reabilitou o presidente Lula (PT) politicamente ao anular as condenações da Lava Jato. Também se refere às relações de proximidade mantidas pelo petista com ditadores de países como Venezuela, Cuba e Nicarágua.
Questionado se tem algum arrependimento, Bolsonaro lembrou que chegou à Presidência “com um celular na mão e um filho como marqueteiro” a contragosto de grande parte da imprensa.
“Isso fez o sistema ficar em alerta que alguém como eu fosse presidente do Brasil. Todas as acusações contra mim são narrativas, nada encontram, pois não cometi crime algum”, afirmou o ex-presidente.
Ao falar sobre o 8 de janeiro, Bolsonaro citou semelhança com a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, e destacou a ausência das forças armadas nos atos apontados pela esquerda como tentativa de golpe.
“Nós fizemos no nosso mandato despertar o interesse do brasileiro pela política. O povo começou a entender o que é política, quais são as potencialidades do Brasil. Fizemos um governo que deixou a maioria feliz. Tanto é verdade que continuamos arrastando multidões pelo Brasil, e o atual presidente não consegue nem 5% disso [em suas aparições públicas]”, disse Bolsonaro.
Perguntado sobre a possibilidade de ser preso, Bolsonaro não descartou uma eventual prisão e lembrou do atentado contra sua vida durante a campanha de 2018. Também citou a morte do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, em 2002, ao dizer que “a história do Brasil nos últimos anos tem mostrado que as pessoas mais à direita têm sido executadas”.
O ex-presidente disse ainda que a tentativa de assassinato que sofreu não foi devidamente investigada.
Todas as declarações do ex-presidente foram traduzidas e transcritas em uma sequência publicada no X pelo repórter da Gazeta do Povo, Eli Vieira.