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O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, em discussão há mais de 20 ano, ainda segue cheio de impasses. Enquanto os países do bloco europeu criam barreiras, os sul-americanos buscam maneiras de destravar a chancela do acordo. Em encontro bilateral com o presidente francês, Emmanuel Macron, nesta sexta-feira (23), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tratou do tema que prevê uma série de fatores positivos para ambos os blocos.
Mas, além de expandir as possibilidades comerciais entre os dois blocos, especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo explicam como a aliança os tornaria politicamente fortes, principalmente em um contexto onde o mundo se encontra polarizado. "Podemos dizer que o mundo está divido em quatro blocos: Estados Unidos, União Europeia, China e Mercosul. Hoje, cada um caminha sozinho, mas se dois deles se unem, esse bloco se fortalece. Se esse acordo sai, esses blocos vão lutar contra China e EUA", explica José Augusto de Castro, presidente da Associação Exterior de Comércio do Brasil (AEB).
O especialista pontua que Brasil e Estados Unidos estão entre os maiores produtores de commitys do mundo. Se a União Europeia vier a se unir ao Mercosul, ela deixaria de comprar do EUA e passaria a priorizar seu parceiro. Além de fortalecer a aliança entre os dois blocos, as negociações poderiam ser mais vantajosas do que comprar do gigante norte-americano, conforme prevê o acordo.
A aliança daria um novo cenário ao comércio global. De acordo com informações de extinto Ministério de Economia bresileiro, as negociações entre os dois blocos poderia alcançar um mercado de aproximadamente 800 milhões de pessoas – o maior do mundo. Além disso, em 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) dos dois blocos representou 25% do PIB mundial, cerca de US$ 20 trilhões.
"Além disso, em relação à China, apesar de ela ainda ficar isolada economicamente no mundo, ela passaria a enfrentar dois grandes blocos juntos. Essa aliança faria com que a China passasse a reavaliar a forma como ela enxerga o Mercosul e UE, pois passaria a depender mais desses dois blocos", opina. No fundo, conforme avalia o presidente da AEB, essa aliança também seria importante politicamente, pois passaria a mensagem de que os dois blocos, unidos, iriam se fortaler perante o comércio mundial.