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O ex-desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Sebastião Coelho da Silva, desafiou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a encontrar qualquer evidência de que ele tenha envolvimento financeiro nas ações de vandalismo ocorridas em Brasília em 8 de janeiro. Ele foi o advogado que disse cara a cara com os ministros do STF, entre eles Alexandre de Moraes, que eles são "as pessoas mais odiadas do país", durante julgamento de seu cliente na quarta-feira (13).
Coelho da Silva atua como advogado do primeiro réu julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) relacionado a esse episódio, o técnico de saneamento Aécio Lúcio Costa Pereira. O advogado disse à Gazeta do Povo que sua última declaração de imposto de renda está disponível, com o objetivo de reforçar sua convicção de que não tem "nada a esconder". Ele disponibilizou a documentação para a reportagem também.
"A análise de minha situação financeira de 2021 para 2022 revela que não existe a menor possibilidade de ser encontrado um único centavo que possa ter recebido ou doado de maneira suspeita", afirmou.
Durante o primeiro dia do julgamento, Sebastião Coelho afirmou que estava sendo alvo de intimidação por parte do corregedor nacional de Justiça, ministro Luís Felipe Salomão. Ele fez falas desafiadoras às teses de Moraes ao argumentar e defender seu cliente.
No plenário, diante dos ministros do STF, ele declarou: "Não me intimido com absolutamente nada. Sou idoso, tenho alguns problemas de saúde e posso morrer a qualquer momento. Não tenho tempo para sentir medo". Salomão havia determinado mais cedo naquele dia a abertura de uma reclamação disciplinar contra o ex-desembargador, que também foi membro do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF).
Nessa mesma decisão, Salomão ordenou a quebra do sigilo bancário de Coelho da Silva no período de 1° de agosto de 2022 a 8 de janeiro de 2023, com o objetivo de verificar se ele financiou os atos de vandalismo ou o acampamento de manifestantes em frente ao quartel-general do Exército. A investigação visa determinar se Coelho da Silva incentivou práticas sob investigação da Justiça durante o seu tempo como magistrado.
Ciente dessa medida que considerou intimidatória, ele classificou o julgamento de seu cliente como politicamente motivado durante a sua defesa oral no plenário do STF, criticou o CNJ e chegou a chamar os ministros do Supremo de "as pessoas mais odiadas do país".
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, votou pela condenação de Pereira a uma pena de 17 anos e meio de prisão pelos crimes de tentativa de subversão violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa.