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Nordeste

Aeroporto que move discórdia entre Bolsonaro e petista tem 75% de verba federal

O que os líderes estrangeiros têm falado sobre Jair Bolsonaro? (Foto: Alan Santos/PR)

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) inaugura nesta terça-feira (23) o Aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista (BA). O terminal, localizado a 518 quilômetros da capital baiana, será lançado em cerimônia sem a presença do governador baiano, o petista Rui Costa.

Ao todo, o aeroporto recebeu investimento de R$ 106 milhões, dos quais R$ 75 milhões oriundos do governo federal e R$ 31 milhões da administração estadual. O novo terminal, com pista de pouso e decolagem de 2.100 metros com 45 metros de largura, terá o dobro de capacidade do antigo, podendo ampliar para sua movimentação para 500 mil passageiros até 2020. Políticos locais disputaram a paternidade da obra.

A inauguração é mais um capítulo da relação tensa entre políticos do Nordeste, em especial os ligados à esquerda, e Bolsonaro após comentários do presidente sobre governadores da região.

Na sexta-feira passada, dia 19, em áudio captado pela TV Brasil, Bolsonaro faz referência à região e diz que o governo federal não devia dar "nada" para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Há trechos inaudíveis da conversa em que não é possível entender o contexto. O presidente negou que no rápido diálogo com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tenha classificado os governadores do Nordeste pelo termo "paraíba" - forma pejorativa usada principalmente no Rio para se referir aos imigrantes da região.

O clima com os políticos locais, porém, ficou estremecido. Bolsonaro acusou os governadores de "manipular" eleitores nordestinos. Costa afirmou nesta segunda-feira, 22, que não vai participar da cerimônia de inauguração do aeroporto. Em um vídeo nas redes sociais, ele alegou que o evento se transformou em uma "convenção político-partidária".

O governador do PT afirmou que durante a organização da cerimônia, na semana passada, convidou o presidente e sua comitiva como um "aceno de boas maneiras". Na versão de Costa, o governo federal estabeleceu que, de 300 pessoas convidadas para o evento, o Estado teria direito a indicar 70. Depois, decidiu que seriam 600 convidados - e que o petista teria direito de chamar 100.

O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou nesta segunda que Bolsonaro destacou ser importante inaugurar o aeroporto pelo estímulo ao turismo e à economia local. Segundo ele, o Planalto não se preocupa com eventuais críticas ao presidente ou protestos no evento. "Em qual cidade nosso presidente chega e não é ovacionado? Em todas. E não seria diferente na cidade onde temos apreço pelo prefeito e pelo povo" disse o porta-voz.

Costa disse que desistiu de ir à cerimônia para não "ficar fazendo trampolim para debate político, debate ideológico". "Eu que convidei o governo federal e tenho 100 credenciais? O sentimento é de perplexidade: você pega um governador, em tese de um partido de oposição a ele (Bolsonaro), que faz um aceno de generosidade, de boas maneiras, e em vez de o presidente vir de forma generosa, de negociar com o Estado as condições, de compartilhar conosco a organização, chega impondo condições inaceitáveis?", questionou.

Na eleição do ano passado, o candidato do PT ao Planalto, Fernando Hadad, teve uma votação expressiva na Bahia: cerca de 5 5 milhões de votos (72,6%) no segundo turno, ante 2,06 milhões (27,3%) obtido por Bolsonaro. O então candidato do PSL só venceu em quatro municípios baianos.

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