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Um agricultor foi baleado na manhã de segunda-feira (16), em São Félix do Xingu, no Pará. A Força Nacional e outros órgãos do governo federal estão no local para fazer a ação de desintrusão da Terra Indígena Apyterewa, que consiste na retirada de não indígenas da área. De acordo com testemunhas que registraram os momentos após o ocorrido, o homem teria sido atingido por dois disparos feitos por um agente da Força Nacional.
A Gazeta do Povo tentou contato com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), com Secretaria da Presidência e o Ministério dos Povos Indígenas, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. Também buscamos contato com o governo do Pará e com a Polícia Civil do estado. O espaço segue aberto para manifestação.
Vídeos divulgados na internet e enviados por WhatsApp para a redação da Gazeta do Povo mostram o agricultor ainda com vida, mas os registros posteriores e a imprensa local afirmam que ele acabou morrendo. Há ainda o registro da Polícia Científica fazendo a perícia no local.
Após o fato, o prefeito de São Félix do Xingu divulgou um vídeo dizendo que conversou com o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). O governador teria afirmado que conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e garantido que a ação de desintrusão seria suspensa.
Políticos da região também falaram sobre o ocorrido. O deputado estadual Rogério Barra (PL) pediu a instalação de uma comissão externa para averiguar as condições da morte do homem.
Desintrusão na Terra Indígena Apyterewa atinge cerca de 1.600 famílias não indígenas
A demarcação da Terra Indígena Apiterewa foi homologada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu segundo mandato, em 2007. A ação de desintrusão consiste na retirada dos não indígenas que ocupam parte das terras homologadas.
De acordo com o governo federal, esses não indígenas representam ameaça aos indígenas e à floresta, que já teve parte da vegetação destruída, e favorece a exploração de atividades ilegais.
A ação em São Félix do Xingu iniciou em 2 de outubro e desde então, diversos confrontos tem sido registrados. Neste processo de desintrusão, as 1.600 famílias de ocupantes não indígenas tem até 31 de outubro para deixar a área.
De acordo com o governo federal, algumas das famílias que habitam a área da Terra Indígena Apiterewa são envolvidas em atividades ilegais como criação de gado e garimpo, além de destruírem a vegetação nativa. Houve uma tentativa de desintrusão há 12 anos. Famílias foram indenizadas e reassentadas em projetos de reforma agrária, mas algumas voltaram para a terra.