O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), acusou as Forças Armadas de terem sido contaminadas pela política durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que o próprio comandante-geral do Exército, Júlio César de Arruda, teria participado da transição com uma postura “inadequada”.
As declarações de Alckmin ocorrem num momento em que o governo tenta uma reaproximação para deixar de lado eventuais desconfianças com os militares, como disse recentemente o ministro José Múcio Monteiro, da Defesa, em referência ao um ano dos ataques de 8 de janeiro de 2023.
“Houve no governo passado uma visão equivocada, desvirtuada, induzida pela política, mas que também foi rapidamente rechaçada. E a substituição do comandante do Exército [Júlio César de Arruda, em 21 de janeiro de 2023] foi necessária e relevante. Já havia uma postura dele no governo anterior, na transição de governo, inadequada. O que a gente ouvia naquele momento era que não teria sido prudente a sua nomeação”, disse em entrevista à Folha de São Paulo publicada nesta quarta (10).
Para o vice-presidente, as Forças Armadas “jamais” poderiam ter permitido a montagem de acampamentos em frente aos quartéis como os que ocorreram após o segundo turno da eleição presidencial de 2022. Ele afirmou que esse movimento era “claramente golpista”, e que “era só verificar o que as pessoas diziam em frente às praças e aos quartéis”.
“Na minha cidade, as pessoas estavam acampadas em frente ao batalhão, em uma área do Exército, defendendo o golpe. É inacreditável. Mas não achava que chegaria a tanto”, ressaltou.
Geraldo Alckmin classificou os ataques de 8/1 como uma “coisa gravíssima” não apenas pelos atos em si, mas também por se questionar o resultado apurado a partir dos votos nas urnas eletrônicas. Ele afirmou que quem questiona isso “é golpista” e que acha “interessante” que Bolsonaro e os filhos foram eleitos utilizando os equipamentos, mas passaram a duvidar do resultado: “é inacreditável”.
“Eu não tenho dúvida de que ele não tem nenhum apreço pela democracia. Isso é nítido e claríssimo. Aliás, eu até disse, quando eu disputei em 2018: não sei como quem não acredita na democracia disputa eleição. É uma contradição. Não é possível. Quando eu ganho, vale. Quando eu perco, derruba a eleição”, pontuou.
Por outro lado, Alckmin reconheceu que ainda há um forte apoio ao ex-presidente, mas que a polarização entre esquerda e direita já é uma questão minimalizada. “Eu entendo que hoje essa coisa de esquerda, direita, está mais para rosa dos ventos dos marinheiros, porque é difícil você explicitar. [...] Muitas das questões hoje são de senso comum, o que é prova de maturidade política”, afirmou.
O vice-presidente afirmou, ainda, que a punição aos envolvidos nos atos de 8/1 “é um capítulo que ainda nem começou”. Para ele, muitas pessoas que participaram foram “usadas” por desconhecimento, e que esse é um processo investigatório que precisa ser feito.
“Ela [a pena] não é excessiva. Está faltando o outro lado. Não é possível punir só quem estava ali dentro. Quem incitou tudo isso? Quem estimulou? Quem distribuiu fake news? Quem financiou? Pode ser civil, pode ser militar, servidor público, privado, não importa. A lógica da República é que a lei é para todos”, completou.
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