O procurador da República Alessandro José Fernandes de Oliveira é o novo coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. A expectativa é que ele imprima um estilo mais “low profile” às investigações de crimes de corrupção, conforme integrantes do Ministério Público Federal (MPF). Oliveira deve contar, ao menos em um primeiro momento, com o apoio do procurador-geral da República, Augusto Aras, para dar seguimento às ações da Lava Jato, o que é considerado um ativo importante neste momento em que a força-tarefa é alvo de vários questionamentos por parte da própria Procuradoria-Geral (PGR).
Oliveira vai substituir o procurador Deltan Dallagnol, que pediu seu afastamento da chefia da força-tarefa, nesta terça-feira (1º), por razões familiares e após seis anos na linha de frente das investigações da Lava Jato. O novo coordenador vai chefiar uma equipe de 14 procuradores.
Procurador da República desde 2004, Alessandro Oliveira atua no MPF do Paraná desde 2012. Internamente, é conhecido por sua ampla experiência no combate ao crime organizado, corrupção, lavagem de dinheiro e integra o grupo de trabalho da Lava Jato desde janeiro de 2018, acumulando funções tanto no MPF do Paraná quanto na PGR.
É visto como um especialista em homologações de delações premiadas. Oliveira não tem histórico de falhas neste aspecto. Entre colegas procuradores, é considerado também um homem sério, dedicado e uma pessoa de trato fácil e afável.
Entre suas contribuições com as ações da força-tarefa está a mediação do acordo de delação premiada do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. O novo coordenador era visto como uma espécie de elo entre Curitiba e Brasília. “Conhece bem o assunto. Ele é um homem extremamente estudioso”, resumiu um integrante da Procuradoria-Geral da República sobre o novo coordenador.
Entre os colegas do Ministério Público Federal, Alessandro Oliveira é considerado técnico e extremamente discreto. Ele é avesso a entrevistas ou mesmo a manifestações públicas em redes sociais, algo que tem sido marca dos integrantes do MPF , principalmente entre os procuradores mais jovens. A sua discrição é tanta que alguns membros do Ministério Público reagiram com surpresa ao nome do novo coordenador da força-tarefa.
Lava Jato não deve sofrer mudanças com Alessandro Oliveira
Como o procurador Alessandro Oliveira já tem conhecimento dos casos da Lava Jato, integrantes do MPF acreditam que as investigações não serão afetadas no curto prazo. Além disso, a expectativa dentro do Ministério Público é que Aras dê mais suporte a partir de agora, já que o perfil discreto do novo coordenador da força-tarefa agrada mais ao procurador-geral da República. “O procurador Alessandro terá todo o meu apoio no combate à corrupção. Como o Deltan (Dallagnol) teve", disse Aras ao jornal Folha de S. Paulo.
Membros do MPF admitem em caráter reservado que apesar da forma competente com a qual Dallagnol lidou com a Lava Jato, a força-tarefa vinha sendo criticada não pelos seus erros, mas pela forma como o então coordenador defendia os interesses do Ministério Público. Segundo um integrante da PGR, “as pessoas confundiam a Lava Jato com o Deltan. E isso não era bom para a instituição”.
Ainda assim, os avanços no combate à corrupção imprimidos pela força-tarefa da Lava Jato sob o comando de Dallagnol são inegáveis. Em nota, a procuradora-chefe do MPF no Paraná, Paula Cristina Conti Thá, afirma que "Deltan honrou o estado do Paraná permitindo que pudéssemos assumir uma posição de destaque no combate à corrupção, o que muito nos orgulha".
Ela também enalteceu o currículo do procurador Alessandro Oliveira, que "corajosamente aceitou o desafio de coordenar a operação". Enquanto membro do Ministério Público Federal, Oliveira foi conselheiro do Conselho Penitenciário do Estado do Paraná entre 2011 e 2013, coordenador da Rede de Controle da Gestão Pública no Estado do Paraná entre 2012 e 2016 e procurador regional eleitoral no Paraná entre 2013 e 2017.
Graduado em Segurança Pública pela Academia Policial Militar do Paraná e em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Oliveira é mestre em Direito das Relações Sociais e professor em disciplinas com ênfase no Direito Criminal e Processual Penal desde 1996 atuando também como docente nas disciplinas de persecução patrimonial e administração de bens na Escola Superior do Ministério Público da União.
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