Parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) questionam declarações feitas pelo hacker Walter Delgatti Neto de que teria tentado fraudar as urnas eletrônicas, e dizem que o objetivo é "manchar" a imagem de Bolsonaro.
Walter Delgatti Neto está preso em Araraquara, depois de uma operação da Polícia Federal no início do mês por tentativa de invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e esta semana prestou depoimento em Brasília na própria PF e na CPMI do 8 de janeiro.
Aos parlamentares, Delgatti disse que Bolsonaro teria assegurado indulto a ele em troca de uma operação para fraudar as urnas eletrônicas. Ele, porém, não apresentou provas.
Para o deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), “estão tentando encontrar a todo custo algum motivo para prender o ex-presidente e sua família e tirá-lo de todas as formas das eleições”.
Segundo o parlamentar, outro ataque que tenta abalar a credibilidade do ex-presidente é a autorização para quebra dos sigilos bancário de Bolsonaro e Michele, determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para apurar um suposto esquema de venda de joias dadas pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente. “Está muito claro isso diante da influência dele que continua sendo grande dentro deste processo”, completa Diego Garcia.
A líder do Novo na Câmara dos Deputados, Adriana Ventura (SP), afirma que apesar da gravidade das declarações, é preciso lembrar que Delgatti Neto é um “criminoso contumaz”, e as informações dadas por ele ainda precisam ser confirmadas.
Sobre um possível depoimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, preso por fraudar o cartão de vacinas, a deputada diz que “é importante que as coisas sejam esclarecidas”.
Já o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) disse “falar até papagaio fala. As inconsistências nos depoimentos falam por si só. Um cidadão que a cada momento muda a sua versão da história não merece credibilidade alguma. O que houve na CPMI foi um teatro armado para tentar incriminar o presidente Bolsonaro".
Integrante da CPMI do 8 de Janeiro, Rodrigo Valadares (União-SE), se referiu ao depoimento como um "jogo de cartas marcadas". "Em um cenário de perseguição e seletividade, Delgatti para se salvar da cadeia adota a estratégia de incriminar Bolsonaro para agradar o establishment", apontou.
Valadares acrescenta ainda que "este mesmo cenário absurdo de incriminar Bolsonaro a qualquer custo é o que mantém pessoas ligadas ao ex-presidente na cadeia para forçar uma denunciação caluniosa para entregar sua cabeça a Lula como vingança pessoal".
O deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE) também acredita que o cenário que inclui as declarações do hacker Walter Delgatti sobre uma tentativa de fraude nas eleições, supostamente a mando de Bolsonaro, “é muito grave, e vai dar desdobramentos”.
Hacker não respondeu perguntas de parlamentares da oposição, aponta deputado
Para o deputado Alberto Fraga (PL-DF), vice-líder do partido na Câmara, “se esse cara tivesse idoneidade, teria pelo menos respondido as perguntas dos aliados do Bolsonaro, ele ficou [na CPMI], dando a entender que foi ali com um único objetivo, que era de macular a imagem do ex-presidente Bolsonaro. O que ele disse nada ficou provado, é a palavra dele contra a de um ex-presidente".
Fraga explicou ainda que “quando o presidente recebeu esse hacker e encaminhou para ministério da Defesa, a única intenção era que se descobrisse se tinha alguma coisa errada com as urnas eletrônicas”.
Fraga conclui afirmando, sobre um possível depoimento de Mauro Cid, que está sendo cogitado pela defesa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro: “Quem não deve não teme, então vamos adiante”.
Depois das acusações de Delgatti Netto, a defesa de Jair Bolsonaro enviou nota à CNN dizendo que “vai tomar medidas judiciais cabíveis” contra o hacker. Segundo os advogados do ex-presidente as alegações do hacker são falsas.
Delgatti Neto está sendo ouvido novamente pela Polícia Federal em Brasília nesta sexta-feira (18), dois dias após ter comparecido à superintendência para dar explicações sobre as denúncias de que teria tentando fraudar as Eleições de 2022. A PF viu contradições entre o que ele falou em seu depoimento na quarta e as declarações à CPMI.
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