Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saíram em defesa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a revelação de que ele teria utilizado o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fora dos ritos processuais para investigar apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Uma reportagem da Folha de São Paulo publicada na terça (13) aponta que o gabinete do ministro teria solicitado informalmente à Justiça Eleitoral a produção de relatórios para subsidiar suas decisões, como no inquérito das fake news que tramita no STF.
Entre os aliados de Lula, o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) chamou a publicação de “sensacionalista” e que “não corresponde à verdade”. “A matéria só tem o efeito de alimentar o movimento de tentar desacreditar o STF para incidir no julgamento do inelegível [Bolsonaro]”, disse.
O ministro Jorge Messias, da Advocacia-geral da União (AGU) também saiu em defesa de Moraes e afirmou que as decisões dele "contaram com a fundamentação e regularidade próprias de uma conduta honesta, ética e colaborativa que merece nossa admiração e apoio".
Para ele, o magistrado “sempre se destacou por seu compromisso com a Justiça e a democracia”. “Do mesmo modo, tem atuado com absoluta integridade no exercício de suas atribuições na Suprema Corte”, pontuou.
Já o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, afirmou que é uma “infelicidade” e uma “irresponsabilidade enorme” comparar a atuação de Moraes com a de integrantes da operação Lava Jato. Ele foi um dos advogados que contestou a prisão de Lula em 2018.
“É o mínimo que se espera e é absolutamente normal que o ministro dê a linha do que tem que ser julgado. Ele é o ministro. Eu não tenho nenhum tipo de preocupação. Seguramente, o ministro Alexandre de Moraes é um homem extremamente rigoroso. Fazer uma comparação de questões absolutamente desiguais é má-fé”, disse Kakay.
Na mesma linha seguiu o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), que disse que "não existe nada demais (sic) na troca de provas entre STF e TSE. A comparação com a lava jato é de uma estupidez sem tamanho".
O correligionário Lindbergh Farias (PT-RJ) foi mais incisivo na defesa do magistrado e afirmou que o "ataque a Alexandre de Moraes é puro suco de desespero do bolsonarismo". "Não vai ter recuo nem anistia, pra cima deles, Xandão", completou em uma postagem nas redes sociais.
Já a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que Moraes agiu "contra quadrilha bolsonaristas" e Bolsonaro é quem estava "fora do rito" por supostamente fomentar um "golpe contra a posse de Lula, o eleito".
De acordo com a apuração, Moraes teria investigado apoiadores de Bolsonaro e comentaristas políticos de direita com base em relatórios obtidos informalmente junto à Justiça Eleitoral. Essas ações estariam ligadas ao inquérito das fake news, tanto durante quanto após as eleições de 2022.
Conforme informações apuradas pela Folha de São Paulo, o setor de combate à desinformação do TSE teria atuado como uma espécie de braço investigativo do gabinete de Moraes. O magistrado teria utilizado os relatórios produzidos pela Corte eleitoral para embasar o inquérito das fake news no STF, independentemente da relação direta com as eleições presidenciais.
A publicação revela que a Folha teve acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp entre assessores de Moraes, incluindo conversas entre o juiz instrutor Airton Vieira, assessor mais próximo de Moraes no STF, e Eduardo Tagliaferro, então perito criminal responsável pela Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF