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Perseguição judicial

Juízes ligados a Moraes mostram descontentamento com EUA e Interpol no caso Allan dos Santos

Allan dos Santos
O jornalista Allan dos Santos mora nos Estados Unidos desde agosto de 2020. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

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Uma conversa realizada em novembro de 2022 entre dois juízes instrutores do ministro Alexandre de Moraes, um do Supremo Tribunal Federal (STF) e outro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revela o descontentamento em relação ao posicionamento da Interpol e do governo norte-americano sobre o blogueiro Allan dos Santos, investigado nos inquéritos das milícias digitais e das fake news. As informações são da "Folha de S. Paulo".

O influenciador tem um mandado de prisão expedido por Moraes e, para a Justiça brasileira, é considerado foragido. Na quarta-feira (14), o ministro emitiu uma nova ordem de prisão, justificando a suspeita de crimes contra a honra, obstrução de Justiça e ameaças.

Este é mais um pedido contra Santos. Em outubro de 2021, o ministro do STF determinou a prisão de Santos, sua inclusão na lista vermelha da Interpol e solicitou a extradição do blogueiro pelos Estados Unidos, onde ele foi morar após ser alvo de buscas pela Polícia Federal (PF) no Brasil.

Moraes não se conforma com pedidos ignorados pela Interpol e EUA

De acordo com a "Folha", em 14 de novembro de 2022, o juiz Marco Antônio Vargas, do gabinete da presidência do TSE, enviou mensagens em um grupo de WhatsApp onde estava Airton Vieira, braço direito de Moraes no STF.

"Peça para o Airton falar com a PF sobre o alerta vermelho", escreveu Vargas, referindo-se a uma orientação do ministro Moraes.

Vieira respondeu afirmando que havia contatado o representante da Interpol no Brasil e que também havia procurado a Interpol em Washington e o adido brasileiro na instituição para tomar providências em relação a Allan dos Santos.

Em áudio, ele informou que o pedido de alerta vermelho à Interpol havia sido encaminhado há mais de um ano, mas que os funcionários da instituição em Lyon (França), onde fica a sede, recusaram-se a incluir o nome do blogueiro na lista. "De nada adiantaram os pedidos reiterados feitos pela Interpol aqui no Brasil", lamentou o juiz.

Uma das justificativas para a não inclusão do nome de Santos na lista, segundo o braço direito de Moraes, seria a percepção da Interpol de que a questão poderia ter um "viés político".

Até a data das conversas entre os juízes, os Estados Unidos ainda não haviam se manifestado sobre o pedido de extradição. Somente em março deste ano o governo americano comunicou ao Brasil que não extraditaria o blogueiro, alegando que, segundo a legislação e jurisprudência local, ele estaria amparado pelo direito à liberdade de expressão.

Vargas também mencionou que Moraes estava ciente da situação, mas não se conformava com ela. "Tudo o que podíamos fazer foi feito, seguimos todo o trâmite. Mas a Interpol em Lyon engavetou o pedido de alerta vermelho, e os Estados Unidos não resolvem a questão da extradição. Difícil."

Juiz classifica postura dos EUA e da Interpol em relação a Allan dos Santos como "sacanagem"

Em outra mensagem enviada pelo juiz do TSE, a postura do governo dos Estados Unidos e da Interpol em relação a Allan dos Santos foi classificada como "sacanagem". "Dá vontade de mandar uns jagunços pegar esse cara na marra e colocar em um avião brasileiro", desabafou Vargas.

Após essas mensagens, segundo a “Folha”, Vieira encaminhou mais um áudio, reiterando a situação na Interpol e intensificando as críticas aos Estados Unidos.

"Se eles quiserem te mandar embora porque não gostaram dos seus olhos, eles inventam um pretexto qualquer e colocam você no primeiro avião de volta, deportam, extraditam, dão um pé no traseiro, o nome que você quiser, mas eles fazem o que bem entenderem com quem quiserem. Do contrário, não há governo no mundo que determine o que eles têm que fazer", enfatizou.

"Eles têm o tempo deles, os interesses deles, esse é o problema todo, essa é a questão”, continuou

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