O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 11.161 focos de queimada na região Norte do país nos 16 primeiros dias de outubro. É o equivalente a 80% do registrado no mesmo mês de 2022, quando foram constatados 13.977 focos. O recorde foi em 2007, com 21.095 registros.
No Amazonas, o número de queimadas registradas já supera, em outubro, a maior marca em 25 anos desde que os dados começaram a ser compilados pelo Inpe. Já foram registradas 2.940. O recorde anterior foi em 2009, com 2.409 focos.
As marcas de outubro de 2022 também foram ultrapassadas em Acre e Roraima.
Rondônia, com 731 focos em outubro de 2023, pode ultrapassar a marca de 2022, quando foram verificadas 822 queimadas até o final do mês. A situação é parecida no Amapá: em outubro de 2022 foram 612 registros. Em 16 dias deste mês, já foram 557.
Governo federal centraliza ações contra queimadas no Amazonas
As marcas históricas motivaram uma série de ações do governo federal. A maioria se concentra no Amazonas, que também enfrenta a pior seca em 120 anos. No começo de outubro, uma comitiva ministerial foi ao Amazonas para avaliar a situação.
Liderados pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, seis ministros anunciaram medidas para socorrer o Estado. “Não faltarão recursos. O que tiver de necessidade (os municípios) vão encaminhando para a gente poder, dentro da lei, liberar os recursos o mais rápido possível e atender à população”, disse Alckmin em entrevista coletiva em Manaus.
Na oportunidade, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que “não adianta negar o problema da mudança climática: ela existe e está nos afetando”. “A crise no Amazonas, em Rondônia e no Acre é agravada por dois fenômenos: o cruzamento da mudança do clima com o El Niño, fenômeno natural que causa o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, alteração de ventos e da precipitação em várias partes do planeta" afirmou.
Apesar de mencionar a crise nos outros estados, as informações divulgadas pelo governo federal apontam que reforços foram enviados, em sua maioria, para o Amazonas. Até o dia 14, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) tinham 289 brigadistas trabalhando no combate aos incêndios florestais no Estado.
Acre e Roraima reforçam ações contra queimadas
No Acre, o governo do estado, por meio do Corpo de Bombeiros Militar (CBM/AC), reforçou em mais de 80% o efetivo para atuar diariamente no combate às queimadas e na prevenção de incêndios florestais. A corporação, que conta com 69 militares, recebeu um reforço de mais 57 militares do Acre mobilizados pela Força Nacional. Desde o dia 11, são 126 pessoas trabalhando diariamente no combate ao fogo. Também estão sendo empregadas 30 viaturas.
Já em Roraima, o governo do estado contratou 240 brigadistas para trabalhar no combate a incêndios florestais. Segundo o Corpo de Bombeiros Militar, 2023 é o pior ano em número de incêndios em vegetação desde 2020. Foram 475 ocorrências, 77,9% a mais do que em 2022.
Estados também são afetados pela seca
Amazonas, Acre e Roraima também estão sendo afetados pela seca. O Amazonas já decretou situação de emergência em 50 municípios. No Acre, esse cenário abrange 22 cidades.
No começo de outubro, a estimativa do governo federal era de que a seca já afetava pelo menos 500 mil pessoas no Amazonas, Rondônia e Acre. O boletim da Defesa Civil do Amazonas atualizado em 16 de outubro apontou que 557 mil pessoas são afetadas pela estiagem no estado.
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