O embaixador Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, afirmou nesta terça (3) que o Brasil não aceitará uma eventual prisão do opositor Edmundo González na Venezuela, como determinada pela Justiça do país a pedido do Ministério Público venezuelano.
Para ele, a prisão é “muito preocupante” para o Brasil e será “política”, o que o governo não aceitará se ocorrer. “Seria uma prisão política, e não aceitamos presos políticos”, disse em entrevista à Reuters.
Ainda de acordo com ele, o mandado de prisão contra a oposição foi “coisa errada a fazer”, e que a situação eleitoral na Venezuela “não está resolvida”.
Amorim repetiu o discurso que Lula e o governo vêm adotando desde a conturbada eleição sob forte suspeita de fraude no dia 28 de julho, de que não reconhece a reeleição de Nicolás Maduro e nem a alegada vitória da oposição sem a apresentação oficial das atas de votação.
“A situação eleitoral na Venezuela não está resolvida, não vemos vitória para um lado ou outro”, completou o embaixador. O Ministério das Relações Exteriores ainda não se pronunciou sobre o mandado de prisão expedido pela Justiça venezuelana.
Um pouco mais cedo, o ministro Rui Costa, da Casa Civil, endureceu o discurso de mediação e de cobrança pelas atas de votação, e afirmou que a repressão afeta diretamente o povo venezuelano.
Ainda segundo Costa, o Brasil pode vir a conceder asilo político a González se for acionado, seguindo uma tradição de conceder abrigo a fugitivos de regimes autoritários.
“No caso concreto [de González] é evidente que quem se posicionará será a embaixada brasileira e o presidente da República. Mas, acho que, seguindo a tradição, o Brasil acolhe todos aqueles que buscam ter um espaço para viver em paz”, disse o ministro em entrevista à GloboNews.
De acordo com ele, o Brasil é um dos países que mais recebem venezuelanos “que buscam” viver aqui – ele evita falar em fuga. Segundo o Ministério da Justiça, quase quatro mil cidadãos cruzaram a fronteira fugindo do regime chavista somente após a eleição de 28 de julho.
Em todo o mês de julho, 9.331 venezuelanos atravessaram a fronteira por Pacaraima, segundo a Polícia Federal. Em junho, foram 8.602. Os dados do Ministério da Justiça mostram um fluxo diário de 273 venezuelanos entrando no Brasil entre os dias 29/07 e 11/08.
Ele ainda ressaltou que a Venezuela precisa apresentar os documentos para se chegar a uma normalidade que permita ao país voltar a se relacionar com as demais nações do mundo. Costa, no entanto, ignorou as críticas que o governo de Maduro fez ao Brasil após a confirmação da reeleição pela Justiça venezuelana.
Na noite de segunda (2), a promotoria da Venezuela – controlada pelo regime chavista – emitiu uma ordem contra o político por supostamente cometer seis crimes ligados à eleição com fortes indícios de fraude que reelegeu Nicolás Maduro há pouco mais de um mês. O pedido foi aceito pela Justiça do país, também sob o comando do ditador.
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