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O diplomata Celso Amorim, que assessora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em assuntos internacionais, afirmou nesta sexta (10) que o governo manteve a ida da embaixadora Glivânia Oliveira à posse do ditador venezuelano Nicolás Maduro por uma questão de pragmatismo.
Maduro tomou posse do terceiro mandato após eleições com fortes indícios de fraude e em meio a protestos da oposição em várias partes do país.
Para Amorim, o Brasil “cumpre o ritual diplomático de relação entre Estados” e que Glivânia “está em Caracas, à frente do posto”, disse em entrevista à CNN Brasil.
A presença brasileira através da embaixadora ocorreu em meio à tensão política agravada pela recente prisão da líder oposicionista María Corina Machado na quinta (9). A prisão gerou reações e levou o Brasil a reavaliar, momentaneamente, a participação na cerimônia.
A decisão de não enviar representantes de alto escalão, como o chanceler Mauro Vieira ou o próprio presidente Lula foi interpretada como uma forma de demonstrar insatisfação com a falta de transparência no processo eleitoral que garantiu o novo mandato de Maduro. No entanto, a presença da embaixadora reforçaria a continuidade das relações diplomáticas entre os dois países.
O governo brasileiro optou por não reconhecer oficialmente a vitória de Maduro, já que as atas eleitorais não foram apresentadas mesmo após sucessivos pedidos de Lula. No entanto, também se não pretende romper os laços diplomáticos após a gestão de Jair Bolsonaro (PL) ter interrompido a relação.