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Celso Amorim
Assessor de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim.| Foto: André Borges/EFE.

O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou que “não houve explicação” para os brasileiros estarem fora da lista de autorização para deixar a Faixa de Gaza. Segundo o Itamaraty, 34 brasileiros e familiares próximos aguardam repatriação nas proximidades da fronteira com o Egito. Um novo grupo de mais de 400 estrangeiros e palestinos com dupla nacionalidade deixou Gaza nesta segunda-feira (6) em direção ao Egito, entretanto, nenhum brasileiro constava na lista.

“A situação está muito complexa, sem luz no fim do túnel… Não houve uma explicação para a não inclusão de brasileiros. Simplesmente foram dando prioridade a outros países”, disse Amorim em entrevista ao jornal O Globo. Segundo o ex-chanceler, o governo segue negociando a retirada dos brasileiros da região. O conflito começou há quase um mês, no dia 7 de outubro, após o Hamas realizar uma série de ataques terroristas contra Israel.

Amorim afirmou que espera uma “decisão rápida” sobre a repatriação. “Estamos há mais de 15 dias pedindo a liberação. Não há razão para qualquer suspeita. Se houvesse algum problema com algum dos nacionais, poderiam ter falado logo. É uma situação absurda, em que há 15 crianças em um grupo de 32 pessoas”, disse. Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que recebeu a garantia do chanceler israelense, Eli Cohen, de que os brasileiros sairão da Faixa de Gaza até quarta-feira (8).

Entre as especulações para a não inclusão do grupo na lista, está a possibilidade de uma retaliação ao governo brasileiro por suas posições em votações no Conselho de Segurança da ONU. O Brasil presidiu o conselho em outubro e defendeu, em uma proposta de resolução, pausas humanitárias no conflito, mas não citou o direito de Israel de se defender da agressão perpetrada pelo Hamas. O texto foi vetado pelos Estados Unidos.

Além disso, o Brasil se absteve na votação de um projeto de resolução apresentado pelos americanos, que reafirmava “o direito inerente de todos os Estados à autodefesa individual e coletiva”. Na semana, a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), chegou a dizer que Israel “discrimina” o Brasil ao deixar brasileiros de fora da terceira lista de civis autorizados a deixar a região, sem, segundo ela, apresentar qualquer explicação para essa atitude.

“Infelizmente, o governo israelense sinaliza que estabeleceu uma hierarquia política para a liberação de civis, privilegiando alguns países em detrimento de outros. Da mesma forma que defendemos a libertação dos reféns israelenses, não podemos admitir que civis brasileiros permaneçam ameaçados numa região sob massacre militar”, disse Gleisi na rede social X no último dia 3.

No entanto, a hipótese sobre uma suposta retaliação de Israel ao Brasil não é tratada pelo governo, já que cidadãos de outras nacionalidades ainda aguardam liberação para sair da Faixa de Gaza. Já foram autorizados a deixar a região cidadãos da Austrália, Áustria, Alemanha, Finlândia, Indonésia, Jordânia, Japão, Azerbaijão, Bélgica, Coréia do Sul, Croácia, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Macedônia, México, Suíça, Sri Lanka, entre outros.

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