O ministro André Mendonça é o relator do caso Silvio Almeida.| Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF.
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O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi alvo de protestos de alunos da PUC-Rio nesta semana durante uma aula magna que deu na universidade. O magistrado foi convidado para falar sobre "Educação, Responsabilidade Social e Dignidade Humana", na última segunda-feira (23), mas foi alvo de críticas de estudantes da instituição.

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O ministro do STF foi recebido na universidade com cartazes escritos "Queremos o Mendonça terrivelmente longe da PUC" e "Ministro do Bolsonaro aqui NÃO é bem-vindo!". Em uma rede social de um coletivo de estudantes da universidade, uma postagem mostra as mensagens escritas para Mendonça.

"O ministro foi posto no cargo por indicação do Bolsonaro por ser “terrivelmente evangélico”, é super conservador, votou a favor do Marco Temporal - uma política genocida aos povos originários-, rejeitou as denúncias contra a transfobia de um deputado bolsonarista no Dia Internacional das Mulheres, vigiou ilegalmente diversas pessoas por serem contrárias ao governo Bolsonaro, e por aí segue! Onde entra a palestra sobre dignidade humana quando, na prática, o ministro se posiciona de forma contrária a ela?", diz a postagem.

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O mesmo coletivo também critica o formato da aula e diz que apenas um número pequeno de pessoas puderam assistir a apresentação de Mendonça. Alegaram ainda que parte dos lugares já estava reservado para convidados e que não houve espaço para perguntas dos alunos, apenas para três pessoas que já haviam sido pré-selecionadas.

A Gazeta do Povo buscou a PUC-Rio para se manifestar sobre o tema mas não obteve retorno até a publicação desta. O espaço segue aberto.

A aula magna de Mendonça na universidade aconteceu pouco mais de seis meses após o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, lecionar uma aula para os estudantes da PUC-Rio.

Na oportunidade, a aula teve como tema "Revolução tecnológica, recessão democrática e mudança climática: o mundo em que estamos vivendo". Em sua palestra, Barroso defendeu “o direito à liberdade sexual e reprodutiva das mulheres”, um eufemismo para o aborto, e falou contra a criminalização da prática.

“É preciso explicar para a sociedade que o aborto não é uma coisa boa. O aborto deve ser evitado. E, portanto, o Estado deve dar educação sexual, contraceptivos e amparar a mulher que queira ter filho. E explicar às pessoas, que ser contra o aborto; não querer que ele aconteça; tentar evitá-lo; não significa que se queira prender a mulher que passe por esse infortúnio, porque é isso o que a criminalização faz e impede que as mulheres pobres usem o sistema público de saúde e, portanto, se mutilem e passem por imensas dificuldades”, afirmou o ministro na ocasião.

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As declarações não foram bem vistas pelo arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), o cardeal Orani João Tempesta, que também é grão-chanceler da Universidade. Após o ocorrido, o cardeal criou um conselho com cinco membros para auxiliar o reitor da universidade, o padre Anderson Pedroso. De acordo com informações do jornal Metrópoles, o próprio arcebispo teria convidado Mendonça para lecionar na PUC-Rio na última segunda.