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O presidente executivo da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), Ricardo Berkiensztat, afirmou que houve um aumento de 236% nas denúncias de antissemitismo no Brasil após as recentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reação de Israel contra o Hamas por conta dos ataques terroristas de outubro do ano passado.
Lula tem acusado frequentemente Israel de fazer um “genocídio” contra os palestinos que vivem na Faixa de Gaza, e que já somam mais de 30 mil mortos segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, o que impede uma checagem independente dos dados.
Berkiensztat diz que há uma conexão direta entre as falas de Lula e o aumento das denúncias de antissemitismo no Brasil, que foram intensificadas após o presidente comparar a reação israelense contra o Hamas ao Holocausto nazista.
“Eu acho que é uma questão de ação e reação. Sempre que há uma manifestação de uma pessoa popular, como é o caso do presidente Lula, onde ele oficializa palavras como genocídio, há um aumento exponencial de casos de antissemitismo”, disse em entrevista à revista Oeste publicada na noite de quarta (28).
Segundo a entidade, na semana que antecedeu o discurso de Lula na Etiópia, o Departamento de Segurança Comunitária da Fisesp recebeu 46 denúncias de antissemitismo, incluindo atos em escolas. Após o pronunciamento que fez a comparação com o Holocausto nazista, foram 165 novas denúncias.
Ricardo Berkiensztat diz que tem alertado isso ao governo federal e às autoridades em geral pela preocupação que o tom do discurso pode gerar ao país.
“Nos preocupa muito esse tipo de discurso no Brasil, justamente um país que não tem histórico de agressões antissemitas. Infelizmente temos históricos, sim, de agressões a negros, a homossexuais, a outras minorias, aos yanomamis, mas aos judeus não, e a gente gostaria de viver num país livre de ódio contra qualquer grupo étnico ou racial”, afirmou.
A mais recente crítica a Israel ocorreu nesta quarta (28) mesmo, em que voltou a chamar a ação israelense de genocídio e criticou gastos militares. A fala foi dada durante a viagem que faz à Guiana, onde participou de uma conferência da Comunidade do Caribe (Caricom).
Sobre esta fala em específico, a Fisesp ainda não se pronunciou. No entanto, na segunda (26), a entidade emitiu uma nota condenando a comparação com o Holocausto nazista, afirmando que “é lamentável o posicionamento, cada vez mais extremista, tendencioso e dissociado da realidade, do Presidente Lula”.
“Comparar a legítima defesa do Estado de Israel contra um grupo terrorista que não mede esforços para assassinar israelenses e judeus com a indústria da morte de Hitler é de uma maldade sem fim”, completou (veja na íntegra).
O presidente da Fisesp, Marcos Knobel, também considerou as falas de Lula como um estímulo ao discurso de ódio. “A afirmação feita pelo presidente fez uma perversa distorção da realidade, pois estamos vivendo uma onda de ataques antissemitas desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, e isso ganhou ainda mais força depois da declaração”, disse.
As queixas, segundo a entidade, chegam por meio de mensagens em redes sociais e em grupos de Whatsapp da instituição, consistindo em agressões verbais, também direcionadas a alunos judeus em escolas e universidades. De janeiro a fevereiro de 2024, a Fisesp registrou 602 casos de antissemitismo, quase um terço do total de denúncias do ano anterior.