O novo presidente da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) do Brasil, o almirante Sérgio Ricardo Segovia Barbosa, notificou extrajudicialmente a ex-diretora de negócios Letícia Catelani, nesta sexta-feira (10), a apresentar provas sobre a acusação de corrupção no órgão.
Demitida da Apex na segunda-feira (6), após a mudança na presidência, ela publicou nas redes sociais que pagou o preço “por ter combatido a corrupção” e que sofreu pressão para manter "contratos espúrios" na agência, que é ligada ao Itamaraty. “Pressão a qual não cedi, não me dobrei e me mantive firma aos meus valores”, completou.
Barbosa deu prazo de 72 horas para que Letícia “explicite e apresente elementos probatórios, de forma transparente e cristalina, acerca dos atos e contratos objeto de suas declarações, visto que é de fundamental interesse da Administração desta Agência que as informações sejam detalhadas com transparência para que, eventualmente se confirmando a veracidade, sejam imediatamente adotadas as medidas administrativas e judiciais cabíveis”.
Letícia era uma indicação do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e tinha ligação com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República.
Desde o primeiro mês do governo Jair Bolsonaro, a Apex se tornou foco de embates entre a ala dita "olavista" – seguidora do escritor Olavo de Carvalho, como o chanceler Ernesto Araújo – e os militares. Em cinco meses, a agência trocou de presidente três vezes.
O diplomata Mário Vilalva, por exemplo, foi demitido no início de abril por Araújo alegando ter sido boicotado na agência por Letícia e por Márcio Coimbra, outro diretor que deixou a Apex nesta semana.
Ex-diretora diz que gabinete foi arrombado
Ainda nesta sexta, Letícia Catelani denunciou nas redes sociais que teve o seu gabinete na Apex arrombado um dia depois de ser impedida de entrar lá e apanhar seus pertences. “Não sei quem arrombou a porta, não sei quem autorizou, não sei quem pegou objetos”, escreveu no Twitter.
Ao site O Antagonista, o general Roberto Escoto, chefe de gabinete da Presidência da Apex, reconheceu que o gabinete precisou ser aberto, mas negou ter havido qualquer irregularidade. “Mais uma mentira dela. Fizemos da forma mais correta e legal possível”, disse.
Escoto disse que precisou chamar um chaveiro, pois Letícia havia trocado a fechadura do gabinete e não deixou chave reserva.
“Nomeamos uma comissão para inventariar os bens dela, chefiada por um advogado, já que ela não veio mais aqui. Hoje, como a sala tinha que ser desocupada para o próximo diretor, que está sendo nomeado, então os bens dela foram inventariados e serão entregues a ela no local que indicar.”
Letícia afirmou que esteve na Apex na quarta-feira (8) para tentar pegar seus objetos pessoas, mas teve a entrada no prédio vetada.
Nova diretoria da Apex é nomeada
Nesta sexta, a nova presidência da Apex divulgou que nomeou um diplomata de carreira e um militar da reserva para comandar duas diretorias da agência que estavam vagas desde segunda-feira. São eles Augusto Souto Pestana, que assume a Diretoria de Negócios, e o almirante da reserva Edervaldo Teixeira de Abreu Filho, para a Diretoria de Gestão Corporativa.