Depois de ter as duas candidaturas derrotadas na disputa pelas presidências do Legislativo no começo deste ano, Baleia Rossi (SP) na Câmara e Simone Tebet (MS) no Senado, o MDB tenta agora traçar uma nova estratégia para as eleições nacionais de 2022. Como reforço, a sigla deve ganhar a filiação do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, que atualmente está no DEM e tenta articular uma candidatura de centro para a disputa presidencial.
Apesar de ainda ser uma das siglas de maior relevância no cenário nacional, emedebistas avaliam que vêm perdendo espaço desde o pleito de 2018. O mesmo ocorreu nas eleições municipais de 2020, quando perderam 261 prefeituras e caiu de 1.035 para 774. Além disso, o partido do ex-presidente Michel Temer está dividido entre a ala independente e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
Internamente, a sigla admite que não terá um nome com forças para disputar o Palácio do Planalto em 2022 e o embarque em uma candidatura de outro partido já está sendo negociada. Em 2018, o MDB lançou o ex-ministro Henrique Meirelles, que ficou na sétima posição com menos de 2% dos votos.
Tentativa de embarque na base de Bolsonaro
A ala governista até tentou costurar um embarque na base do presidente Bolsonaro depois da derrota de Baleia Rossi na disputa pela presidência da Câmara, mas a possibilidade foi descartada pela ala independente. Segundo líderes da sigla, a disputa pelo Executivo fica em segundo plano e a estratégia será em reforçar as bancadas do Congresso.
“O partido viu seu encolhimento e quer rever isso. Não estamos focados na disputa presidencial porque sabemos que este jogo já está jogado. A Executiva Nacional viu que a melhor estratégia é ampliar o número de deputados e senadores para ter relevância no Legislativo”, admite um integrante do MDB.
Como a Gazeta do Povo mostrou, velhos nomes do partido que não conseguiram renovar os seus mandatos em 2018 já desenham estratégias em seus redutos eleitorais para voltarem ao Congresso Nacional. Entre eles, os ex-senadores Romero Jucá e Eunício de Oliveira.
Recentemente, o deputado Baleia Rossi teve seu mandato como presidente do partido renovado até outubro do ano que vem. O parlamentar terá como missão organizar a distribuição de verbas para os diretórios estaduais. Na época, parlamentares afirmaram que a medida foi um movimento para frear a intenção do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que é próximo do presidente Jair Bolsonaro, de tentar assumir o partido.
“A ala independente quis frear qualquer aproximação com o Bolsonaro. Ele (Rossi) foi reconduzido justamente com a missão de organizar o partido e as candidaturas com forças para o Legislativo. Parte do MDB temia que as velhas raposas tomassem de conta da verba eleitoral para se elegerem”, admite outro emedebista.
Bancada do RJ quer barrar influência de Rodrigo Maia
Aliado de Baleia Rossi, Rodrigo Maia já definiu que o MDB será o partido escolhido para sua filiação. O ex-presidente da Câmara decidiu deixar o DEM depois que o seu partido deixou o bloco de apoio à candidatura de Rossi na disputa pelo comando do legislativo.
“Ele [Maia] será muito bem-vindo ao partido (MDB). Já fizemos o convite. Agora é aguardar a questão jurídica da possibilidade de sair do DEM”, afirmou Baleia Rossi ao jornal O Globo.
Apesar disso, Maia não deverá influenciar nas decisões da bancada de deputados emedebistas do Rio de Janeiro, estado pelo qual é eleito. Os parlamentares cariocas do MDB são próximos do presidente Jair Bolsonaro. Mesmo assim, Maia sinalizou que pretende manter seus posicionamentos contra o governo Bolsonaro.
Maia será ponte para aliança entre MDB e Lula?
O ex-presidente da Câmara também lançou a ideia de que o partido poderia vir a apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Não é um obstáculo simples [a ser superado]. Mas o MDB já apoiou Lula. Então pode ocorrer”, afirmou Maia durante debate promovido pelo Atlas Político.
Apesar disso, o ex-presidente Michel Temer afirma que a decisão sobre o posicionamento do MDB só será definido no ano que vem. "É muito apressado querer tratar de 2022 quando ainda temos de tratar de 2021. Tratar de 2021 significa combater a pandemia. Não podemos começar a tratar de 2022 como se 2021 não existisse. O MDB só vai tomar uma posição no ano que vem", afirmou o emedebista à CNN Brasil.
Petistas e emedebistas romperam justamente quando Michel Temer, que era vice de Dilma Rousseff, assumiu a presidência depois do processo de impeachment da petista. No entanto, na disputa pela comando da Câmara deste ano, Rodrigo Maia conseguiu o apoio da bancada do PT à candidatura de Baleia Rossi.
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