TSE volta atrás mais uma vez e desiste de mandar servidores para eleições na Venezuela após ataques de Maduro| Foto: Marcelo Casal/Agência Brasil
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou, nesta quarta-feira (24), que não vai mais enviar observadores para as eleições presidenciais na Venezuela, marcadas para o próximo domingo (28). A decisão da Corte eleitoral foi motivada pelas recentes críticas do ditador Nicolás Maduro às urnas eletrônicas brasileiras. O TSE havia sido convidado pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) para acompanhar as votações no país.

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"Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender [ao] convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo", informou o TSE em um comunicado.

Em comício eleitoral nesta terça-feira (23), o autocrata disse que a Venezuela tem o "o melhor sistema eleitoral do mundo" e que, no Brasil, não se audita as eleições.

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"Aqui temos 16 auditorias. Em que outra parte do mundo fazem isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral é auditável? No Brasil? Não auditam nenhum boletim. Na Colômbia? Não auditam nenhum boletim", afirmou durante discurso para plateia chavista.

As declarações foram interpretadas como falas de campanha. O Itamaraty, conforme apurou a Gazeta do Povo, decidiu que não se posicionaria sobre o tema. O TSE, por outro lado, rebateu as críticas do venezuelano.

"A presidente do Tribunal Superior Eleitoral [Cármen Lúcia] afirmou, hoje, que é falso que as urnas eletrônicas brasileiras não sejam auditadas. São auditáveis e auditadas permanentemente, são seguras, como se mostra historicamente. Nunca se conseguiu demonstrar qualquer equívoco ou instabilidade em seu funcionamento", diz o comunicado.

"A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil", afirma ainda o posicionamento do TSE enviado à Gazeta do Povo. Leia o comunicado do TSE na íntegra abaixo.

TSE já havia mudado ideia sobre eleições na Venezuela

O Brasil recebeu no dia 17 de maio, por meio do Ministério de Relações Exteriores, um convite do CNE para enviar observadores para acompanhar o pleito presidencial venezuelano. Em um primeiro momento, a decisão foi de que o país não enviaria representantes da esfera governamental. Mas o cenário mudou nas últimas semanas.

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O TSE voltou atrás e tinha decidido que enviaria dois representantes para acompanhar a votação na Venezuela. Sandra Damiani e José de Melo Cruz, especialistas em sistemas eleitorais, foram os nomes indicados pela Corte eleitoral. Os funcionários do TSE participariam do processo como "convidados internacionais" – o que difere dos observadores e não há objetivo de fazerem relatórios para atestar legitimidade do pleito.

Em junho, a Corte eleitoral recusou o convite do CNE sob a justificativa de aproximação das eleições municipais. "Todas as atividades da Justiça Eleitoral estão focadas na realização segura, transparente e acessível dessas eleições", informou a Corte eleitoral no mês passado.

Após a mudança da presidência no TSE, que foi assumida pela ministra do STF Cármen Lúcia, no último dia 3, o órgão mudou de ideia e decidiu pelo envio de representantes à Venezuela. Em nota divulgada na última semana, a Corte eleitoral informou que "a presença de observadores internacionais tem como objetivo garantir que o processo eleitoral decorra em clima de transparência, isenção e legalidade, com vistas a assegurar a credibilidade dos resultados das eleições”.

Os ataques proferidos por Nicolás Maduro, contudo, fizeram a ministra tomar uma nova decisão e cancelar o envio de observadores do TSE para a Venezuela.

Leia na íntegra o posicionamento do TSE sobre os ataques de Nicolás Maduro:

"A presidente do Tribunal Superior Eleitoral afirmou, hoje, que é falso que as urnas eletrônicas brasileiras não sejam auditadas. São auditáveis e auditadas permanentemente, são seguras, como se mostra historicamente. Nunca se conseguiu demonstrar qualquer equívoco ou instabilidade em seu funcionamento.

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Na democracia brasileira, o voto do eleitor é livre e garantido democraticamente por um processo transparente, de lisura e excelência comprovada, o que assegura a confiança do brasileiro no sistema adotado.

A Justiça Eleitoral brasileira compromete-se para que o eleitor tenha pleno respeito a sua liberdade de escolha na representação política, pelo que dota de plena segurança a urna eletrônica. A democracia é o princípio e o fim do trabalho incessante, comprometido e de comprovada superioridade do sistema eleitoral nacional.

Afirmar mentira sobre a confiabilidade da urna eletrônica brasileira, que - reitere-se - é auditável e segura, é semear inaceitável afronta à seriedade, à segurança e à publicidade plena do processo eleitoral do Brasil, levado a efeito com integridade, austeridade e eficiência para o fortalecimento contínuo da democracia.

Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo.

A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil."

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]