Após a repercussão negativa do vazamento de um áudio em que cobra de assessores a devolução de parte dos salários para ajudá-lo a cobrir gastos de campanha eleitoral, o deputado federal André Janones (Avante-MG) foi às redes sociais apresentar a sua versão do caso.
O parlamentar chamou as acusações de “fake news” e culpou a “extrema-direita” pela disseminação da reportagem do jornal Metrópoles que revelou o áudio, nesta segunda-feira (27).
No áudio, Janones diz que a cobrança aos assessores não se trata da prática conhecida como “rachadinha”, mas de uma contribuição dos assessores para que ele consiga recuperar parte do seu patrimônio usado para custear a sua campanha à prefeitura de Ituiutaba (MG), em 2016.
A reunião teria acontecido dentro da Câmara dos Deputados, na sala de reuniões do Avante, partido de Janones. De acordo com o Metrópoles, Janones não sabia que estava sendo gravado.
O parlamentar chegou à Câmara em 2018 depois de receber mais de 178 mil votos dos mineiros. Em 2022, Janones foi reeleito com quase 239 mil votos.
“Primeiro de tudo, eu quero dizer a vocês que eu estou quebrando a minha regra de não responder às fake news, como ensino no meu livro 'Janonismo Cultural' a não responder, por uma razão clara: respeito a vocês. Hoje saiu uma matéria, que está sendo espalhada pela extrema-direita, que me acusa de rachadinha, coisa que eu nunca fiz. Pra isso eles usaram uma gravação clandestina e criminosa, um áudio retirado de contexto e para tentar me imputar um crime que eu jamais cometi. Aproveito para solicitar que o conteúdo criminosamente gravado seja disponibilizado na íntegra e não edições manipuladas, postada quase simultaneamente por todas as lideranças de extrema-direita”, diz o trecho de um tuíte publicado por Janones no início da tarde desta segunda-feira (27).
O deputado ainda reclamou dizendo que é a segunda vez que tentam ligá-lo a crimes.
“Em 2022 já fizeram isso durante a campanha, também com áudios fora de contexto. Essas denúncias vazias nunca se tornaram uma ação penal ou qualquer processo, por não haver materialidade. Não são verdade, e sim escândalos fabricados”, disse Janones ao garantir que nunca incorreu na prática conhecida como “rachadinha”.
O parlamentar ainda disse que abriria mão do sigilo bancário voluntariamente se houvesse um processo em andamento. “Não tenho o que esconder”, finalizou Janones.
No mês passado, o jornal Metrópoles divulgou outros áudios também atribuídos a Janones em que o deputado grita descontroladamente e diz que seu primo e aliado político “quer roubar milhões”.
O primo de Janones foi candidato a vereador na cidade de Ituiutaba (MG), em 2020, mas não foi eleito. Segundo Janones, ele quer ser prefeito da cidade.
Também no mês passado, dois ex-funcionários de Janones acusaram o parlamentar de assédio moral. Um deles já havia, anteriormente, acusado o deputado de rachadinha e racismo.
A denúncia de assédio foi revelada pelo jornal Diário do Poder, após o jornal ter acesso a prints de conversas enviados pelos ex-assessores em que Janones profere insultos e humilha os funcionários.
Nos prints de mensagens de um grupo atribuído à equipe do gabinete, o deputado lulista xinga os funcionários de “burros”, "incompetentes”, “lixos humanos”, “vermes” e outros insultos.
Oposição quer a cassação de Janones
Procurado pela Gazeta do Povo, o líder da oposição na Câmara, deputado Carlos Jordy (PL-RJ), disse que a oposição está estudando um pedido de cassação contra Janones.
“Estamos estudando as medidas que podem ser feitas. Aparentemente, o que cabe é pedido de cassação no Conselho de Ética e representação na PGR (Procuradoria-Geral da República). É batom na cueca”, afirmou Jordy.
Pelas redes sociais, o deputado Nikolas Ferreira, do PL de Minas Gerais, informou ter conversado com o presidente do partido para que Janones seja acionado no Conselho de Ética e confirmou que a oposição levará o caso à PGR.
“Janonismo cultural: ser cassado por rachadinha e perder o apoio até da esquerda. Gênio”, escreveu Nikolas na rede social X.
A advogada e ex-deputada estadual, Janaina Paschoal, destacou a gravidade do áudio e a importância de uma investigação criteriosa sobre o caso.
"Por óbvio, será necessário uma investigação, até para saber se a voz é mesmo do deputado. Ele afirma que não considera corrupção seus funcionários usarem parte do salário para pagar suas dívidas de campanha. Tecnicamente, realmente não seria corrupção, seria peculato. Como disse, será preciso apurar, mas a situação é bem grave, até porque nenhum funcionário ousaria dizer não ao nobre parlamentar", escreveu Paschoal em seu perfil na rede social X.
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