Apesar da intensa movimentação nos bastidores, presidenciáveis e líderes partidários admitem que as chances de uma única candidatura de centro como alternativa à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) nas eleições de 2022 são quase nulas.
Com isso, ao menos no primeiro turno, do grupo hoje composto por nomes como do apresentador de TV Luciano Huck (sem partido) e do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM), dos governadores de São Paulo, João Doria (PSDB) e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), à esquerda, e do ex-presidente do Novo João Amoêdo, à direita, deve sair ao menos duas ou três candidaturas.
Recentemente, estes mesmos presidenciáveis assinaram um manifesto a favor da democracia, o que foi considerado como primeiro passo para uma união na busca de um consenso para a disputa presidencial. No entanto, passado um mês da carta, as divergências entre esses nomes já dão o tom das negociações.
Articulador do grupo, Mandetta prepara uma nova carta que será assinada pelos presidenciáveis com os pontos em comum entre eles. A ideia é mostrar para o eleitorado as convergências e o diálogo que vem sendo construído até então.
No último final de semana, João Doria, Eduardo Leite, Ciro Gomes e Luciano Huck participaram do painel da Brazil Conference, promovida pelas universidades americanas Harvard e MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) para debater os rumos do país. No encontro, que também contou com a presença do petista Fernando Haddad, algumas arestas acabaram expostas entre os presidenciáveis.
Mantendo conversas com partidos como DEM, Cidadania e até o PSB desde o ano passado, Luciano Huck chegou a ser apontado como o “outsider” da disputa presidencial. Entretanto, o apresentador parece ter recuado ao renovar o contrato com a TV Globo até 2025. Segundo pessoas próximas, o retorno de Lula ao cenário político e a possibilidade de assumir a programação das tardes de domingo no lugar de Fausto Silva a partir do próximo ano teriam pesado na decisão de Huck. Mas, mesmo que não seja candidato, ele segue firme no propósito de ajudar na construção de uma candidatura viável de centro.
Durante o painel com os demais presidenciáveis, Huck criticou a forma de fazer política olhando para o passado, o que acabou gerando críticas entre os demais colegas. “Só estou enxergando narrativas pelo retrovisor, vendo dificuldade de olhar para frente. Não acho que seja bom. Não adianta pensar com a cabeça do século passado e perder as oportunidades que vêm pela frente. Temos que deixar de lado nossas vaidades e entender que, mesmo com o enorme potencial, o Brasil não deu certo”, disse.
O governador João Doria rebateu Huck dizendo que entender o passado pode ajudar a projetar adequadamente o que se fazer no presente. Já Ciro disse que é preciso, sim, conhecer o passado para que os erros não sejam repetidos.
Candidatura de centro: aliança inviabilizada entre PSDB e PDT
Ciro Gomes é hoje o único nome entre os presidenciáveis que já se colocou oficialmente na disputa de 2022. Apesar de orbitar no campo da esquerda, o pedetista chegou a tentar uma aproximação com o PSDB, mas as divergências com Doria inviabilizaram qualquer avanço nas negociações.
Na avaliação de Ciro, a maioria dos seus aliados dentro do ninho tucano acha “inconveniente” a ideia de Doria disputar a presidência pelo partido. Para o pedetista, uma aliança com o PSDB só seria viável caso o governador de São Paulo abrisse mão de sua candidatura.
“A esmagadora maioria acha inconveniente a candidatura do Doria. Falo isso porque tenho relação íntima com muitos no PSDB, como o Tasso (Jereissati, senador). Se o Doria insistir, vão lançar prévias com Eduardo Leite. O Eduardo Leite vencendo, o PSDB ficará mais flexível para compor. É remota a possibilidade de eu ter (como aliado) o PSDB, um partido que tem Fernando Henrique, que tem o governador de São Paulo... Conheço meu lugar, mas preciso sinalizar e vou chamar organicamente partidos como o PSDB para conversar”, disse Ciro Gomes ao jornal O Globo.
Apesar de trabalhar pelo seu nome desde 2019, quando rompeu com o presidente Jair Bolsonaro, João Doria não teria hoje a adesão de seu partido para a campanha de 2022. Em outubro, o paulista deverá disputar prévias internas com o gaúcho Eduardo Leite e o ex-prefeito de Manaus, Artur Virgílio.
Mesmo assim, outros nomes dentro da sigla começam a ser estudados pela direção do partido. Nesta semana, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, sugeriu que o senador o senador Tasso Jereissati (CE) pode entrar na disputa presidencial.
O senador cearense irá compor a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o que lhe dará destaque nas investigações contra o governo Bolsonaro na gestão da pandemia. A crise estará presente nos debates políticos e deverá ser usado pelos opositores do presidente na disputa do ano que vem.
"Dentro do PSDB, depois da própria provocação do Eduardo Jorge, começa um movimento muito forte de incentivo ao nome do senador Tasso Jereissati", disse Araújo ao jornal O Globo. O ex-candidato à presidência pelo PV publicou em seu perfil no Twitter que seu candidato para uma “frente ampla democrática” nas eleições de 2022 é o tucano cearense.
Jereissati, porém, evitou embarcar na onda. Disse que ser candidato a presidente não é um projeto pessoal e que só aceitaria a missão se sua candidatura fosse fruto de um consenso no partido, o que parece improvável.
Amoêdo se aproxima de Danilo Gentili
Depois de ensaiar uma aproximação com as lideranças de centro, o ex-candidato à Presidência e fundador do partido Novo João Amoêdo começa a estreitar laços com Danilo Gentili. A possibilidade de uma candidatura do humorista começou ganhar musculatura após seu nome aparecer com 4% das intenções de votos em uma sondagem feita pelo Movimento Brasil Livre (MBL). Gentili apareceu empatado com Ciro Gomes, João Doria, Luiz Henrique Mandetta e Luciano Huck.
Por enquanto, o humorista nega que tenha tratado de sua candidatura, mas não descarta a possibilidade de participar da disputa, com o apoio do MBL, se não surgirem "alternativas melhores".
“Entrar na política para mim seria um sacrifício, como é um sacrifício alguém ir para a guerra. Mas as pessoas vão para a guerra quando percebem que o que amam está sob ameaça e não lhes resta mais alternativa. Agora, só dá para pensar numa coisa dessas se tiver os aliados e as estratégias certas. Sinceramente, espero que surjam alternativas melhores. Eu gostaria muito de enxergar boas alternativas para jamais precisar pensar nisso”, admitiu Gentili ao jornal O Estado de S. Paulo.
Recentemente, o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro admitiu que votaria no humorista, caso ele optasse por entrar na disputa.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF