Após a alta de denúncias de assédio sexual e moral na gestão petista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou nesta segunda-feira (4) um parecer, apresentado pela Advocacia-Geral da União, que prevê a pena de demissão para todos os casos comprovados de assédio sexual no serviço público. O parecer tem um caráter vinculante e por isso passa a vigorar em toda a administração pública federal.
O governo alega que decidiu incluir o assédio sexual como penalidade para demissão, porque não há expressa tipificação do assédio como desvio funcional na Lei nº 8.112/90. A conduta era enquadrada ora como violação aos deveres do servidor (cuja penalidade é mais branda), ora como violação às proibições aos agentes públicos (esta sim sujeita à demissão).
Segundo a AGU, o objetivo do parecer é uniformizar a aplicação de punições e conferir maior segurança jurídica aos órgãos e entidades da Administração Pública Federal no tratamento disciplinar conferido à prática de assédio sexual por servidor público federal no seu exercício profissional. Os casos serão apurados por meio de processo administrativo disciplinar.
A AGU explica que os dispositivos legais que fundamentam o parecer estão nos artigos 117 e 132 da Lei nº 8.112/90. O primeiro proíbe o servidor de "valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública". O segundo, prevê que deve ser punido com demissão o servidor que agir com "incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição".
O entendimento que será aplicado nesses casos, de acordo com o parecer, é o de que não é necessário que haja superioridade hierárquica em relação à vítima, mas o cargo deve exercer um papel relevante na dinâmica da ofensa, e o de que serão enquadradas administrativamente como assédio sexual as condutas previstas no Código Penal como crimes contra a dignidade sexual.
Denúncias de assédio crescem na gestão Lula
Mesmo sem findar o ano, o governo do presidente Lula bateu o recorde histórico no número de denúncias de assédio sexual e moral recebidas por um governo no período de um ano. Do dia 1º de janeiro até a última sexta-feira (25/8), foram recebidas 4.162 denúncias e reclamações de assédio sexual e moral em órgãos do governo federal, de acordo com um levantamento feito pelo Metrópoles com dados da Controladoria Geral da União (CGU).
Ao comparar com o mesmo período do ano passado, a quantidade é mais que o dobro do que foi registrado na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No último ano da gestão Bolsonaro, em 2022, foram recebidas 2.087 denúncias.
Segundo o levantamento, a quantidade de denúncias no governo Lula equivale a cerca de 17 queixas por dia. A maioria das denúncias é anônima, o que pode dificultar a apuração por impedir que o servidor que analisa a situação fale com o denunciante caso haja necessidade de complementar informações.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião