O juiz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), Airton Vieira, teria pedido para o perito criminal Eduardo Tagliaferro usar a “criatividade” contra a revista Oeste durante troca de mensagens obtidas pela Folha de São Paulo.
A conversa, que teve o trecho divulgado nesta terça-feira (13) pela Folha teria ocorrido em 6 de dezembro de 2022. A conversa foi divulgada como parte de uma reportagem que teve acesso a mensagens e áudios trocados entre assessores de Moraes.
Na época, Tagliaferro comandava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com a reportagem da Folha, Moraes teria usado o TSE como braço investigativo paralelo contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF.
Em 2022, Moraes era o presidente do TSE. Os relatórios produzidos na Corte eleitoral teriam sido utilizados para subsidiar o inquérito das fake news no STF em casos relacionados ou não às eleições presidenciais.
A Folha teve acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp entre assessores do ministro que atuam ou atuavam tanto na equipe do Supremo quanto do TSE.
Conforme a publicação, o maior volume de mensagens ocorreu entre o juiz instrutor Airton Vieira, assessor mais próximo de Moraes no STF, e Eduardo Tagliaferro.
Segundo informações da Folha, em 6 dezembro de 2022, Airton Vieira enviou uma mensagem a Tagliaferro com um pedido específico: "Vamos levantar todas essas revistas golpistas para desmonetizar nas redes".
O pedido foi acompanhado de um link do X da revista Oeste.
No dia seguinte, Tagliaferro teria avisado que não encontrou nada de errado na revista, apenas “publicações jornalísticas", que "não estavam falando nada" e perguntou o que, então, ele deveria colocar no relatório.
Vieira respondeu: "Use a sua criatividade… rsrsrs." E completou: "Pegue uma ou outra fala, opinião mais ácida e… O Ministro entendeu que está extrapolando com base naquilo que enviou… ".
"Vou dar um jeito rsrsrs", disse Tagliaferro.
À Folha, Tagliaferro disse que não se manifestará sobre o caso e que "cumpria todas as ordens que me eram dadas” e não se recorda de ter cometido qualquer ilegalidade.
Já o gabinete do ministro Alexandre de Moraes afirmou, em nota, que os procedimentos junto ao TSE para abastecer as investigações contra apoiadores de Bolsonaro, no âmbito do inquérito das fake news, “foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria Geral da República”.
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