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A expansão no número de casos de coronavírus e as decisões governamentais no Brasil e no exterior de restringir atividades com grande presença de público têm levado apoiadores do presidente Jair Bolsonaro a defenderem o adiamento dos atos pró-governo agendados para o próximo domingo (15).
“Existe uma discussão em curso na bancada. Os que defendem a manutenção dos atos dizem que outras atividades estão mantidas, como jogos de futebol, por isso, deveríamos dar continuidade. Já os que são contra alegam que o risco existe e que nós poderíamos depois ser acusados de termos contribuído para a disseminação do vírus. E a posição de cancelamento, hoje, é a da maioria”, declarou o deputado federal Cabo Júnio Amaral (PSL-MG), que disse ainda não ter formado opinião sobre o tema.
Um deputado do estado de São Paulo que também integra a base bolsonarista disse que o grupo quer “mostrar responsabilidade”. “Todos aqui somos responsáveis. Nós não queremos colocar a população em risco. E há também um enfrentamento político ligado à questão”, destacou. O mesmo parlamentar ressaltou que os movimentos de rua que apoiam o governo disseram que devem definir “entre hoje e amanhã [quinta e sexta-feira]” se prosseguem com os atos. “Que os atos sejam suspensos, reagendados para outra data, e a pressão siga forte nas redes sociais”, afirmou.
“Temos também que levar em conta o fato de que grande parte do eleitorado conservador, de direita e que apoia o Bolsonaro é um grupo mais idoso, e portanto mais suscetível aos efeitos do vírus”, ressaltou.
No aguardo de um sinal do Planalto
O deputado Cabo Júnio disse que a definição da bancada sobre o apoio ao cancelamento ou manutenção dos atos deve ocorrer ainda nesta quinta-feira (12). Já o parlamentar de São Paulo ressaltou que a bancada espera uma sinalização do próprio presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto. “Se ele não indicar até hoje que a situação é ainda mais séria, creio que os movimentos podem manter os atos”, declarou.
Também membro da base de apoio do presidente da República, o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) disse que, em sua visão, o “termômetro” para a manutenção ou cancelamento dos atos é uma eventual propagação do vírus por mais alguém da cúpula do Palácio do Planalto, além do secretário de comunicação, Fábio Wajngarten, que foi diagnosticado como portador do covid-19 nesta quinta.
“Eu sou a favor da realização dos atos. Mas se confirmarmos que o vírus chegou ao presidente da República, ao Eduardo [Bolsonaro, deputado federal e filho do presidente], eu acho que o melhor caminho que temos é o de cancelar. Se não apenas por uma questão de saúde pública, por uma questão de inteligência. Vai haver uma queda na demanda. Então que venha um cancelamento da nossa parte. Antes isso do que haja uma queda na participação e isso ser explorado pela esquerda, que poderia dizer que o presidente está fraco”, ressaltou.
Wajngarten e Eduardo integraram a comitiva de Jair Bolsonaro na viagem que o presidente da República fez aos EUA entre sábado e terça. Por conta da confirmação do contágio do titular da Secom, Bolsonaro foi submetido a testes. Os resultados ainda não foram divulgados.