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O procurador-geral da República, Augusto Aras, compartilhou um texto em sua conta no Twitter, nesta terça-feira (29), que sugere uso político da desconstrução da Operação Lava Jato para viabilizar sua manutenção no cargo à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O artigo do Correio Braziliense, replicado por Aras, informa que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) apura eventuais irregularidades cometidas por magistrados da Lava Jato em três estados - Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Logo no primeiro parágrafo, o texto aponta a suposta tentativa de Aras de usar o desmantelamento da Lava Jato em benefício próprio: “A desconstrução em curso da Operação Lava-Jato é o principal trunfo do procurador-geral da República, Augusto Aras, para permanecer no cargo”.
Em seguida, o artigo destaca o interesse de Lula e de parte do Senado, casa legislativa responsável por aprovar o nome indicado pelo presidente da República à PGR, no fim da Lava Jato.
“Embora essa possibilidade seja remota [recondução do jurista ao cargo], o ajuste de contas com a força-tarefa é música para os ouvidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Senado, responsáveis pela escolha do chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR)”, diz o texto compartilhado por Aras.
O atual procurador-geral da República ocupa o cargo desde 2019, por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro. O mandato se encerra em 26 de setembro deste ano, e Aras tem articulado, nos bastidores, sua recondução ao cargo. Recentemente o procurador chegou a se reunir com Lula, que em breve baterá o martelo em relação ao nome que ocupará o principal posto da PGR pelos próximos dois anos.
Em julho, na tentativa de pavimentar a sua recondução para um novo mandato, o jurista defendeu sua atuação para ''desestruturar as bases do lavajatismo''.
Desmonte da Lava Jato se intensificou no governo Lula
Como mostrado pela Gazeta do Povo, a volta do presidente Lula ao poder intensificou o processo de desmantelamento da Lava Jato iniciado em 2019. Mas agora, além de investigações e condenações anuladas, a elite do Judiciário iniciou um processo de retaliação contra os protagonistas da maior operação de combate à corrupção do país. O caso mais evidente foi a cassação, sem previsão legal, do mandato de deputado federal do ex-procurador Deltan Dallagnol. O próximo alvo, conforme especulação da imprensa, é o ex-juiz e senador Sergio Moro.
A operação Lava Jato ficou marcada por apontar a participação de uma série de políticos, empresários e doleiros em casos de corrupção e lavagem de dinheiro, e por ter levado à prisão o atual presidente da República durante um ano e sete meses.