Autoridades criticaram o Itamaraty por não condenar os ataques feitos pelo Irã à Israel na noite deste sábado (13), quando mais de 200 drones e mísseis foram lançados no país e um navio de contêineres ligado a um empresário israelense foi capturado pela Guarda Revolucionária iraniana.
Neste domingo (14), Daniel Zonshine, embaixador de Israel no Brasil, disse em entrevista à CNN que está desapontado com o governo brasileiro. "Eu procurei, mas não achei um tipo de condenação, infelizmente", disse ele. "Acho que quando há este tipo de ataque e o Brasil aceita isso, ou pelo menos não condena, fiquei muito desapontado que isso não aconteceu. Espero que não vamos ter que continuar com este tipo de mensagens", complementou.
Na rede socia X (ex-Twitter), políticos de oposição também criticaram o posicionamento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como foi o caso do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). "O Brasil não condenou o Irã pelos ataques. E no fundo do poço tinha um alçapão!", disse na postagem.
Roberto Freire, ex-presidente do Cidadania que liderou o partido por mais de 30 anos, manifestou indignação em suas redes sociais sobre os termos que o Itamaraty utilizou na nota para se referir ao ataque de Irã contra Israel.
"O trecho '…envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel…' é solerte e pusilânime. É nestes termos que o Itamaraty se refere ao massivo ataque com centenas de drones e misseis balísticos como se o ato de guerra de agressão ocorrido fosse um protocolar envio de uma carta pela caixa do correio da esquina. Este é o nosso retrato, um Brasil sem rumo, sem prumo e de triste figura", escreveu ele.
Os críticos lembraram, ainda, o posicionamento do Itamaraty em relação aos ataques feitos contra o Irã no último dia 1º, ao Consulado Iraniano em Damasco. Diferentemente do posicionamento firmado no sábado (13), o governo Lula publicou uma nota mais contundente, condenando a investida.
"O governo brasileiro condena o ataque aéreo, em 1º de abril, contra o consulado da República Islâmica do Irã em Damasco, na Síria, que provocou mortes e ferimentos entre funcionários diplomáticos e consulares", disse a nota na ocasião.
Nota do Itamaraty sobre conflito entre Israel e Irã
Antes da publicação do posicionamento oficial do Ministério de Relações Exteriores, no sábado (13), o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, também deu uma declaração à CNN na qual não se posicionou contra o Irã: "É uma situação preocupante, que o Brasil está acompanhando com atenção", disse ele.
Confira a íntegra da nota do Ministério de Relações Exteriores:
O Governo brasileiro acompanha, com grave preocupação, relatos de envio de drones e mísseis do Irã em direção a Israel, deixando em alerta países vizinhos como Jordânia e Síria.
Desde o início do conflito em curso na Faixa de Gaza, o Governo brasileiro vem alertando sobre o potencial destrutivo do alastramento das hostilidades à Cisjordânia e para outros países, como Líbano, Síria, Iêmen e, agora, o Irã.
O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada.
Em vista dos últimos acontecimentos no Oriente Médio, o Ministério das Relações Exteriores orienta os brasileiros que evitem viagens não essenciais à região, em particular a Israel, Palestina, Líbano, Síria, Jordânia, Iraque e Irã e que os nacionais que já estejam naqueles países sigam as orientações divulgadas nos sítios eletrônicos e mídias sociais das embaixadas brasileiras.
O Itamaraty vem monitorando a situação dos brasileiros na região, em particular em Israel, Palestina e Líbano desde outubro passado.
Comunicação Governamental
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