Em uma eleição decidida por 513 deputados, cada voto vale muito. E, para conquistar o maior número deles, os dois principais candidatos – Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP) – contam com uma "tropa de choque" para organizar a campanha e pedir votos.
Tanto Lira quanto Baleia Rossi contam de um coordenador-geral em sua campanha. Do lado de Baleia Rossi, candidato apoiado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), o responsável é o deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL). Já no grupo de Arthur Lira, líder do Centrão e candidato do presidente Jair Bolsonaro, a coordenação ficou com o deputado Luís Tibé (Avante-MG).
Os dois coordenadores levantam informações, determinam quem cuida de de cada área da campanha, organizam a contagem e recontagem de promessas de votos, cuidam da agenda diária do candidato – entre outras atribuições.
Além deles, as campanhas contam com importantes figuras que atuam como conselheiros políticos. É uma função menos operacional e mais estratégica. Do lado de Baleia Rossi, desempenham essa função os deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Rodrigo Maia (DEM-RJ). Já Arthur Lira tem como seus principais conselheiros os deputados André Fufuca (PP-MA), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Luis Miranda (DEM-DF).
Além dos coordenadores e conselheiros, os líderes partidários das legendas integrantes de ambos os blocos também auxiliam os candidatos. Da parte de Baleia Rossi, atuam ativamente na campanha deputados como Perpétua Almeida (PCdoB-AC), Alessandro Molon (PSB-RJ) e Enrico Misasi (PV-SP).
Já Lira conta com apoio de líderes como Wellington Roberto (PL-PB) e Diego Andrade (PSD-MG). Confira abaixo um pouco mais sobre os principais integrantes das “tropas de choque” de Baleia Rossi e Arthur Lira:
A tropa de choque de Baleia Rossi
Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL)
Líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões foi vereador e deputado estadual por cinco mandatos antes de ser eleito deputado federal, em 2018. Mesmo com pouco tempo de Casa, conquistou espaço no partido e a confiança de Baleia Rossi – a ponto de ser definido, em dezembro passado, o líder do partido e e coordenador da campanha do emedebista à presidência da Câmara.
Bulhões é quem determina o "desenho" da campanha de Baleia Rossi. “No papel de líder do partido, naturalmente eu tenho desempenhado esse papel de coordenação. Levanto informações com vários colegas, de todos os partidos. A gente tem buscado o melhor modelo a ser aplicado”, diz.
O esforço, entretanto, é coletivo. Bulhões Jr. destaca que não faz nada sozinho. “Trabalho junto com a nossa equipe. O partido e eu temos feito isso, organizando a agenda, coordenando quem fica responsável por isso e aquilo”, sustenta. A agenda de viagens, por exemplo, é definida junto com a assessoria de Baleia Rossi e com outros parlamentares.
Aguinaldo Ribeiro (PP-PB)
Tido como candidato de Rodrigo Maia até o início de 2020, Aguinaldo Ribeiro perdeu espaço para Baleia Rossi, mas isso não o afastou da campanha. Pelo contrário. Ele atua como coordenador e conselheiro político da campanha. Seu papel é equiparável ao de Bulhões Jr. “Eu tenho feito esse papel [de coordenador-geral], mas, logicamente, com funções divididas com Aguinaldo”, Bulhões Jr.
Por ser do partido de Arthur Lira, Ribeiro trabalha, entre outras funções, para converter alguns votos de deputados de legendas que integram o bloco adversário. Dentro do PP, é esperado que ele consiga converter entre quatro ou cinco votos de seu partido.
Ribeiro construiu sua vida política na Paraíba, quando foi eleito deputado estadual por dois mandatos, em 2002 e 2006. Em 2010, elegeu-se deputado federal – cargo que ocupa até hoje. Tornou-se um parlamentar influente nacionalmente no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, quando foi ministro das Cidades. Uma das atribuições da extinta pasta era a condução da política do Minha Casa Minha Vida.
Rodrigo Maia (DEM-RJ)
“O Rodrigo é uma peça fundamental e importantíssima na campanha”, diz Bulhões Jr. sobre o presidente da Câmara. Maia foi o responsável pela construção do bloco parlamentar de 11 partidos que pode dar, em tese, 278 votos a Baleia Rossi – o suficiente para elegê-lo presidente da Casa.
O trabalho de Maia, contudo, não terminou com a construção dos apoios. O atual presidente da Câmara também atua para trazer votos de parlamentares do bloco de Arthur Lira. “O esforço, acima de tudo, é passar a mensagem de clareza da nossa proposta da união de um bloco parlamentar de partidos de campos diferentes, de pensamentos diferentes, mas unidos por um objetivo: a independência da Câmara, a harmonia dos poderes, a preservação do Estado democrático de direito, da Constituição”, diz Bulhões Jr. “Pregamos a união de um bloco parlamentar que ainda deverá ser ampliado.”
A tropa de choque de Arthur Lira
Luis Tibé (Avante-MG)
Em seu terceiro mandato como deputado federal, Tibé, líder do Avante, se aproximou de Lira a ponto de mergulhar de cabeça na campanha do deputado do PP. Como coordenador-geral, ele é o responsável principalmente por fazer contatos políticos nos estados em busca de apoios. É ele quem liga para os governadores (que têm influência sobre as bancadas estaduais), organiza agendas e locais de reunião, por exemplo. Ele também avalia previamente se haverá adesão de políticos nas cidades onde Lira pretende fazer campanha.
No geral, apesar de ser o responsável pela organização dos encontros e da agenda em si, da organização de reuniões, almoços e jantares, Tibé também se encarrega de monitorar o mapeamento de votos e conversas feitas entre sua equipe e os deputados. Homem de confiança de Lira, o deputado assegurou nos bastidores os oito votos de seu partido, e colocou à disposição de Lira um avião particular para as viagens.
Jhonatan de Jesus (Republicanos -RR)
Líder do Republicanos, o deputado Jhonatan de Jesus (RR) é outro coordenador da campanha de Lira. Deputado de terceiro mandato, usa de sua experiência para virar votos a favor da campanha. "Está o tempo todo fazendo ligações e articulando", diz um aliado.
O Republicanos é um partido chave para a vitória de Lira. Não à toa o presidente da legenda, Marcos Pereira (SP), abriu mão de sua pré-candidatura para apoiar a candidatura do PP. Como líder, Jhonatan ajuda com a interação junto a deputados e na organização das agendas.
Celso Sabino (PSDB-PA)
O deputado Celso Sabino (PSDB-PA) é outro a atuar na coordenação da campanha. Ele ajuda com a agenda de contatos, viagens e na interlocução com parlamentares. É um dos parlamentares que, como antecipou a Gazeta do Povo, busca votos de tucanos para enfraquecer a candidatura de Baleia Rossi.
Deputado de primeiro mandato, Sabino teve uma ascensão política forte ao se aliar a Lira. Com apoio dele, chegou a ser cotado para substituir o deputado Aguinaldo Ribeiro na liderança da Maioria. Por conta disso, o PSDB se articulou para expulsá-lo do partido.
Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ)
O deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ), carinhosamente chamado de Luizinho pelos mais próximos, também ajuda na organização da comitiva da campanha, dando todo o apoio logístico às agendas de Lira pelo país.
Presidente da Comissão Externa de Enfrentamento à Covid-19, o parlamentar exerce uma função estratégica na campanha. Afinal, aliados de Lira ressaltam que a presença do Dr. Luizinho na comitiva ajuda a reforçar o compromisso da candidatura com a agenda de combate à pandemia e o resgate da economia.
André Fufuca (PP-MA)
Se Tibé é o responsável pelo planejamento mais geral da agenda de Lira, André Fufuca é quem organiza os horários e fecha os detalhes finais das viagens. Foi ele o responsável por operacionalizar as últimas viagens de Lira – quando o candidato do Centrão e do Planalto visitou Macapá (AP), Belém (PA), Boa Vista (RR), Manaus (AM), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO).
Nessas viagens, Fufuca acertou os detalhes de encontros de Lira com os governadores do Amapá, Waldez Góes; do Pará, Helder Barbalho; de Roraima, Antonio Denarium; do Amazonas, Wilson Lima; e do Acre, Gladson Cameli (PP). Além desses, também se reuniu com o prefeito de Manaus, David Almeida, e o senador Omar Aziz (AM) – além de outros parlamentares.
Deputado de segundo mandato, Fufuca adquiriu experiência na política nacional. Em 2017, foi eleito o segundo-vice-presidente da Câmara no acordo da Mesa Diretora que deu a vitória a Rodrigo Maia. O posto rendeu a ele por alguns dias presidência interina da Casa quando o ex-presidente Michel Temer viajou para a China e, em seu lugar, Maia a Presidência da República. Como o então primeiro-vice-presidente, Fábio Ramalho (MDB-MG), viajou junto com Temer, Fufuca ficou o responsável pelo comando da Câmara.
Elmar Nascimento (DEM-BA)
Ex-líder do DEM, partido que oficialmente apoia Baleia Rossi, Elmar Nascimento iniciou um movimento de ruptura interna de seu partido. O parlamentar, contudo, não atua como um coordenador da campanha, mas, como apoiador. Ele trabalha não apenas para tirar votos de sua bancada, mas também de outros partidos do bloco de candidato do MDB.
Nascimento usa de sua experiência junto a deputados do chamado “alto clero”, sobretudo entre os mais antigos da Câmara, com mais mandatos, para "virar" votos a favor de Lira. Nascimento escuta o que cada deputado ouvido quer, os anseios, e os repassa a Lira. Ou seja, ajuda na interlocução entre a campanha e parlamentares dos mais diferentes partidos. Mas, sobretudo, com aqueles do bloco de Baleia Rossi.
Elmar Nascimento iniciou sua trajetória política em 1996, quando foi eleito vereador em Campo Formosa, sua cidade natal, na Bahia. Reelegeu-se ao cargo em 2000 e, nas eleições de 2002, foi eleito deputado estadual. Ocupou o cargo por três mandatos, até que, em 2014, elegeu-se a deputado federal. Em 2018, foi reeleito para mais quatro anos.
Luis Miranda (DEM-DF)
Se Elmar Nascimento atua na articulação com deputados do “alto clero”, Arthur Lira conta com um deputado que dialoga com o “baixo clero”: Luis Miranda. Deputado de primeiro mandato, Miranda também não é um coordenador da campanha, mas, como apoiador, auxilia na obtenção de votos para Lira principalmente com deputados mais novatos, eleitos em 2018, no movimento de renovação da política e da chamada "nova direita".
O próprio Luis Miranda foi eleito defendendo uma agenda liberal, reformista – sobretudo da reforma tributária – e de pautas da segurança pública. Então ele busca votos junto a deputados do mesmo perfil. Seus esforços são concentrados não apenas para garantir que Lira não perca os votos de dentro dos partidos de seu bloco. Mas, também, para conquistar apoiadores nos partidos do bloco de Baleia Rossi.
Com 2,6 milhões de seguidores no Facebook e 221 mil no Instagram, Miranda também ajuda na comunicação da campanha do candidato do Planalto. Defensor enfático de Lira, ele dialoga com seus eleitores a fim de convencê-los sobre seu voto e por que o candidato do PP é o ideal para presidir a Câmara pelos próximos dois anos.
“Me aproximei da campanha do Arthur após ele prometer que vai cumprir aquilo que eu almejo como deputado, que é a reforma tributária e o pacote emergencial para o país voltar a deslanchar. É a forma como ele me trata que eu tenho transmitido aos demais deputados”, diz Miranda.
STF inicia julgamento que pode ser golpe final contra liberdade de expressão nas redes
Plano pós-golpe previa Bolsonaro, Heleno e Braga Netto no comando, aponta PF
O Marco Civil da Internet e o ativismo judicial do STF contra a liberdade de expressão
Putin repete estratégia de Stalin para enviar tropas norte-coreanas “disfarçadas” para a guerra da Ucrânia
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF