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Baleia Rossi na cerimônia de lançamento de sua candidatura, em 06/01/2021
Baleia Rossi na cerimônia de lançamento de sua candidatura, em 06/01/2021| Foto: Agência Câmara

O deputado Baleia Rossi (MDB-SP) lançou oficialmente, nesta quarta-feira (6), sua candidatura à presidência da Câmara. Rossi apresentou seu nome ao lado do atual comandante da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e de integrantes de 10 partidos: PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, Cidadania, PCdoB, PV, PP e Rede. PT e PDT, que apoiam a candidatura, não enviaram representantes. Parte dos presentes utilizava máscaras com o logotipo da campanha de Rossi. A eleição está agendada para 1º de fevereiro.

O emedebista chamou a aliança de legendas em torno do seu nome de "a maior união desde a redemocratização de partidos que pensam diferente". "Nós somos o que a sociedade espera", disse o parlamentar. Segundo ele, a população quer mais "compaixão, respeito e igualdade" e a valorização de posicionamentos distintos.

Rossi também definiu a busca pela vacinação contra a Covid-19 como uma prioridade para a Câmara nos próximos anos. "Temos que nos mobilizar para cobrar a vacina universal. Vacina gratuita para todos", disse. A imunização contra a covid-19 tem motivado uma guerra de discursos entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o governador João Doria (PSDB-SP) e outros agentes políticos. Bolsonaro tem questionado a capacidade da vacinação em frear os a pandemia e disse que as empresas estão se esquivando de se responsabilizar por efeitos adversos.

O candidato à sucessão de Maia criticou o governo ao citar que a proposta inicial do auxílio emergencial previa o benefício com valor de R$ 200 mensais. Ele falou que a consolidação do pagamento em R$ 600 foi uma construção da Câmara, "sem situação, nem oposição e nem centro independente".

Rossi falou ainda que defende que a Câmara volte a discutir o auxílio emergencial – o benefício deixou de vigorar ao término de 2020. "No ano passado parecia que nós íamos virar o ano e a pandemia ia acabar. Mas essa não é a realidade. Nós temos milhões de brasileiros que vão deixar de receber o auxílio emergencial e que vão voltar a ter grandes dificuldades de ter o mais básico, que é o alimento na sua mesa. Portanto, entendo que nós temos que buscar uma solução. Ou aumentando o Bolsa Família, ou buscando novamente um auxílio emergencial para os mais vulneráveis", declarou.

Rossi deverá ter como principal adversário Arthur Lira (PP-AL), que lançou sua candidatura ainda no ano passado e conta também com o apoio de um grupo expressivo de legendas: PP, PL, PSD, Avante, Patriota, Solidariedade, Pros e PSC. A eleição pode ter ainda outros candidatos, como Capitão Augusto (PL-SP) e Fábio Ramalho (MDB-MG). O eleito exercerá mandato de dois anos.

Candidatura de Baleia Rossi une Centro e oposição

Rossi divulgou também nesta quarta, durante a cerimônia de lançamento, um vídeo sobre sua candidatura que, entre outros pontos, enaltece o trabalho da Câmara em 2020. A publicação destaca a aprovação de projetos como o auxílio emergencial, o "orçamento de guerra" e a adesão do Brasil a uma legislação internacional antirracismo.

O vídeo cita que o objetivo da candidatura de Rossi é manter a Câmara "livre e independente". Na peça, são expostas imagens de integrantes de diferentes partidos, como Perpétua Almeida (PCdoB-AC), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Enrico Misasi (PV-SP) e Alessandro Molon (PSB-RJ). Os presidentes nacionais de PT e PSL, respectivamente Gleisi Hoffmann (PR) e Luciano Bivar (PE), também são destacados - as duas siglas protagonizaram a última eleição presidencial, em 2018. À época, o presidente Jair Bolsonaro era filiado ao PSL, partido que deixou em novembro de 2019.

O destaque a membros da oposição mais incisiva a Bolsonaro, como os filiados a legendas como PT, PSB e PCdoB, é parte da tática de Rossi de fazer de sua candidatura a mais distante do Palácio do Planalto. Na mão oposta, Lira é visto como o candidato oficial do governo Bolsonaro.

Deserções e negociações

A cerimônia do lançamento da candidatura de Rossi contou com a presença do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), colega de partido de Lira. Ribeiro é um exemplo de que, na eleição da Câmara, os acordos firmados entre as cúpulas dos partidos não necessariamente são mantidos pelos parlamentares de forma individual. Como o voto é secreto, os deputados não precisam prestar contas públicas de sua preferência.

A "deserção" de Ribeiro se replica também do lado oposto, com deputados que são de partidos que integram o bloco de Rossi mas têm exposto apoio público a Lira. Um exemplo é Elmar Nascimento (DEM-BA). O deputado chegou a ser cotado para ser o candidato do bloco de Maia e Rossi. Preterido, passou a acusar Maia de traição e se juntou à campanha de Lira.

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