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Reservas indígenas

Ruralistas vão trocar vetos “menos importantes” do marco temporal por não judicialização no STF

Presidente da FPA, Pedro Lupion defende derrubada de veto ao marco temporal para demarcação de terras indígenas
Presidente da FPA, Pedro Lupion (PP-PR), articula, junto da oposição, garantia de não judicialização do marco temporal após votação de vetos. (Foto: Divulgação/Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA))

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Após semanas de intensas negociações, o governo e a oposição sinalizaram a construção de um acordo sobre os vetos apresentados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao projeto de lei do marco temporal para demarcação de terras indígenas. O Congresso deve votar o assunto nesta quinta-feira (14).

Será derrubado o veto sobre a principal parte do projeto, que impede a demarcação de reservas em áreas que não eram ocupadas por indígenas antes de 1988. Mas vetos menos importantes serão mantidos em troca do compromisso do governo de não levar a questão para o Supremo Tribunal Federal (STF), que já derrubou a tese do marco temporal em um julgamento neste ano.

A negociação foi intermediada pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP), junto à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e à oposição.

Os vetos que devem ser mantidos impedem a flexibilização do contato com indígenas isolados e a permissão para o uso de produtos transgênicos dentro das terras indígenas. Também deve ser mantido o veto ao dispositivo que abria brecha para revisão de demarcações por "aculturamento". Este dispositivo previa a possibilidade de direcionar terras indígenas, que são terras públicas, para a reforma agrária. Sendo assim, caso fosse verificada alteração dos traços culturais dos indígenas, a área reservada não seria essencial à sobrevivência dos mesmos. Ao todo, apenas três vetos de um total de 30 serão mantidos na votação.

Para a FPA, esses três pontos não são tratados como prioridade. O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR) tem destacado, em entrevistas recentes, que o foco da bancada é na derrubado do veto ao marco temporal, considerado o cerne do projeto. No mesmo sentido, o líder da oposição na Câmara dos Deputados, Carlos Jordy (PL-RJ) destacou o foco na preservação do que chamou de "essência do projeto". "Oposição, FPA e o Governo estão trabalhando na construção de um acordo para que sejam derrubados vetos que prejudicam a essência do projeto, e assim vamos preservar o coração do marco temporal, o que vai garantir segurança jurídica para os proprietários de terras", disse Jordy.

A Gazeta do Povo tentou contato com o líder do governo, Randolfe, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.

O tema que envolve a demarcação de terras indígenas é acompanhado com atenção pelo agronegócio brasileiro, já que garante a segurança jurídica sobre a posse dos proprietários de terras rurais. A tese do marco temporal trata a data da promulgação da Constituição Federal como baliza para a demarcação de terras indígenas. Sendo assim, apenas quem estava na área em 5 de outubro de 1988 tem direito à terra.

Esta tese já foi tratada pelo Congresso, por meio de Propostas de Emenda à Constituição (PEC), a exemplo da PEC 215/2000 e da mais recentemente apresentada PEC 48/2023, e do PL 490/2007, que agora terá seus vetos apreciados. O marco temporal também foi tema de julgamento do STF, que considerou a tese inconstitucional. O acordo firmado agora entre a oposição, a bancada do agro e o governo, visa garantir que partidos contrários à tese não entrem com uma nova ação no STF, a fim de questionar a lei e invalidá-la.

A votação dos vetos ao PL do marco temporal já foi adiada em duas oportunidades. O primeiro adiamento ocorreu no dia 9 de novembro e o segundo no dia 23 de novembro.

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