Ouça este conteúdo
O ministro Luís Roberto Barroso, que preside o Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta (19) que o Brasil superou “ciclos de atraso” no que se refere à questão da democracia, embora o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não tenha sido reeleito mas tem “muita gente” que se identifica com o discurso dele.
A fala ocorreu ao ser questionado por pessoas presentes em um evento do Lide Brazil em Zurique, na Suíça, após fazer um balanço dos trabalhos da Corte ao longo de 2023. Barroso disse que está há um ano sem sofrer ofensas ou ameaças, e que houve uma diminuição da temperatura política.
“Prevaleceu a institucionalidade e nós superamos os ciclos do atraso. E democracia não é um espaço do consenso, tem muita gente divergindo de muita coisa, como é legítimo. Mas, há um ano que eu não sou insultado”, afirmou.
Os supostos insultos se relacionam aos mais de 70 casos de hostilização registrados contra os magistrados entre os anos de 2017 e 2023, segundo levantamento realizado pelo Poder 360. Pelo menos 11 foram contra Barroso.
O magistrado também ressaltou no evento que o STF é “parte da solução” na manutenção das instituições democráticas durante o governo do ex-presidente. Ele minimizou a eleição de muitos deputados e senadores alinhados ao discurso de Bolsonaro.
“Eu tenho me esforçado para mostrar para esse segmento da sociedade que o Supremo não é um problema, mas parte da solução”, pontuou emendando que acendeu “todas as luzes que podia acender” sobre seu posicionamento durante o governo do ex-presidente.
Ele chegou a dizer, durante um congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Brasília, em julho do ano passado, que enfrentou e derrotou o “bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação libre de todas as pessoas”.
A fala, no entanto, não caiu bem nem mesmo no próprio STF, que depois precisou divulgar uma nota afirmando que a declaração de Barroso não se referia “à atuação de qualquer instituição”, mas ao “voto popular”. Em outra ocasião, no Brazil Conferense, em Harvard (Estados Unidos), ele afirmou que “nós [STF] somos muito poderosos, somos os poderes do bem”.