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Luís Roberto Barroso
Ministro disse que foi voto vencido em algumas decisões. Ele foi um dos defensores da Lava Jato, que foi sendo desmontada nos últimos anos.| Foto: reprodução/ABL

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que algumas decisões da Corte realmente atrapalharam o combate à corrupção no país. Ele foi um dos defensores da Lava Jato que, entre outras ações controversas de desmonte, anulou as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e abriu espaço para ele voltar à política.

Barroso disse que algumas decisões polêmicas dos ministros tiveram uma atuação mais “controvertida” que atingiram as ações de combate à corrupção, e que ele próprio foi voto vencido em muitas delas.

“O Supremo anulou o processo contra um dirigente de empresa estatal que tinha desviado alguns milhões porque as alegações finais foram apresentadas pelos réus colaboradores e pelos réus não colaboradores na mesma data, sem que isso tivesse trazido nenhum prejuízo. Também acho que atrapalhou o enfrentamento à corrupção”, disse Barroso na noite de terça (30) durante um discurso na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro.

A fala de Barroso se referiu ao afastamento do senador Aécio Neves (PSDB) do cargo em 2017 e a anulação da sentença após depoimentos de delatores. O político tucano foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva e embaraço a investigações por supostamente aceitar uma propina de R$ 2 milhões da holding J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

Mais recentemente, Barroso criticou duramente o afastamento de magistrados que julgaram processos decorrentes da Lava Jato, alegando que a medida foi "ilegítima, arbitrária e desnecessária"

Apesar de dizer que foi voto vencido em algumas decisões, Barroso afirmou que isso não o “impele a tratar com desrespeito pessoas que pensam de maneira diferente”.

Por outro lado, se disse favorável a decisões como a equiparação do crime de homofobia ao de racismo, o reconhecimento da união homoafetiva, a permissão do aborto quando o feto é anencéfalo e a liberação de pesquisas com células-tronco embrionárias.

Para ele, a “importância de um tribunal não pode ser aferida em pesquisa de opinião pública, porque existem na sociedade interesses conflitantes e sempre haverá queixas e insatisfações”.

O magistrado ainda comentou a situação da Venezuela, que não pode se repetir no Brasil e que a Corte atuou intensamente contra o voto impresso “que sempre foi o caminho da fraude de uma maneira geral”. “Isso que está acontecendo na Venezuela hoje, não tem nenhuma chance de acontecer no Brasil”, completou.

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