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O ministro Luís Roberto Barroso, próximo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), se encontrou com o empresário Joesley Batista, no final do mês passado, após participar de um evento jurídico em Lisboa, Portugal, promovido pelo ministro Gilmar Mendes. O encontro, que teria durado apenas alguns minutos em um hotel de luxo da capital portuguesa, foi registrado em vídeo a que o jornal O Globo teve acesso.
O encontro ocorreu num momento em que Joesley e o irmão Wesley tentam renegociar com a Justiça os termos do acordo de leniência firmado em 2017 por envolvimento em casos de corrupção apurados pela Operação Lava Jato. O grupo J&F se comprometeu a pagar uma multa de R$ 10,3 bilhões ao longo de 25 anos, mas pretende reduzir esse valor.
Segundo a apuração, Barroso foi questionado sobre o teor da conversa com Joesley por conta das circunstâncias do momento, com interesses a serem julgados pelo STF. Ele disse, através da assessoria de imprensa da Corte, que não conhecia os irmão e que apenas os cumprimentou.
“Não houve conversa; apenas uma troca breve de palavras entre pessoas civilizadas”, disse em nota.
Já a assessoria dos irmãos Joesley e Wesley Batista afirmou que “eventos com a participação de empresários, autoridades e universidades são uma forma transparente e legítima de se fomentar discussões públicas”, e que “cumprimentaram diversos convidados, como empresários, jornalistas e autoridades”. No entanto, negou que tenha patrocinado o evento no hotel de luxo.
Além de Barroso, o ministro André Mendonça, também do STF, marcou presença no evento e posou para uma foto com os irmãos, segundo reporta o jornal. O magistrado é relator de um processo de interesse da J&F movido por partidos da base do governo Lula para suspender indenizações e multas impostas em acordos de leniência de empresas investigadas pela Operação Lava Jato.
Mendonça, no entanto, ainda não analisou o pedido de liminar da ação e não tem prazo para decidir.
Além do encontro com Joesley Batista, Barroso também participou de um jantar e eventos paralelos promovidos pelo banco BTG, tocado pelo banqueiro André Esteves, que também foi alvo da Operação Lava Jato na 64ª fase, em 2019, que cumpriu mandados de busca e apreensão após a delação premiada do ex-ministro Antônio Palocci.
O mesmo jantar que teve a participação de Barroso também contou com a presença dos ministros Gilmar Mendes e André Mendonça, do STF; o empresário Rubens Ometto, do Grupo Cosan; o presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Trabucco Cappi, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Luís Roberto Barroso assume a presidência do STF em outubro, após a aposentadoria da ministra Rosa Weber, atual presidente da Corte. O magistrado é alvo de um pedido de impeachment protocolado por deputados e senadores de dez partidos após dar declarações políticas em um evento da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília, há duas semanas.
Durante o evento, Barroso disse que enfrentou e derrotou o “bolsonarismo”, declaração vista como uma “atividade político-partidária” que teve a reprimenda inclusive do presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que cobrou uma retratação do magistrado.