O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, emitiu nota nesta segunda-feira (8) afirmando “que toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição Federal, às leis e às decisões das autoridades brasileiras” e que decisões judiciais “podem ser objeto de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado”.
“O Supremo Tribunal Federal atuou e continuará a atuar na proteção das instituições, sendo certo que toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição Federal, às leis e às decisões das autoridades brasileiras. Decisões judiciais podem ser objeto de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado. Essa é uma regra mundial do Estado de Direito e que faremos prevalecer no Brasil”, afirmou o presidente do STF no texto.
A nota se alinha a uma decisão deste domingo (7) de Alexandre de Moraes, que incluiu o dono da rede social X (antigo Twitter), Elon Musk, no inquérito das “milícias digitais”, depois de ele anunciar que iria desbloquear perfis censurados por ordem do ministro e divulgar decisões sigilosas que impuseram restrições à plataforma. O ministro ordenou que o X continue a bloquear usuários e afirmou que eventual descumprimento iria acarretar multa de R$ 100 mil por dia para cada um que voltasse a ser reativado na plataforma.
Na semana passada, vieram à tona e-mails internos de advogados da empresa relatando pressão do STF, do Congresso e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob a presidência de Moraes, para obter dados pessoais de usuários que criticavam os tribunais e o processo eleitoral no antigo Twitter – o material foi divulgado no X e depois publicado na Gazeta do Povo. Musk questionou Moraes, no X, por que ele exigia tanta censura, disse que suas ordens pareciam ilegais e inconstitucionais por ferir a liberdade de expressão.
Em resposta às postagens, Moraes incluiu Musk na investigação sobre as milícias digitais sob o argumento de que existiria uma “instrumentalização” criminosa e dolosa da rede social por detratores do STF e do TSE, o que configuraria suposta prática de obstrução de Justiça e incitação ao crime.
“A conduta do ‘X’ configura, em tese, não só abuso de poder econômico, por tentar impactar de maneira ILEGAL a opinião pública mas também flagrante induzimento e instigação à manutenção de diversas condutas criminosas praticadas pelas milícias digitais investigadas no INQ 4.874, com agravamento dos riscos à segurança dos membros do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – como facilmente é constatado pelas diversas mensagens com conteúdo de ódio realizadas em apoio àquelas postadas por ELON MUSK – e do próprio Estado Democrático de Direito”, escreveu Moraes em sua decisão.
Em sua nota, Barroso endossou esse entendimento ao escrever que “o inconformismo contra a prevalência da democracia continua a se manifestar na instrumentalização criminosa das redes sociais” – mesma expressão usada por Moraes, com a mesma tese de ligar a defesa da liberdade de expressão no Brasil, encampada por Musk, à suposta tentativa de golpe de Estado de é acusado o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Como é público e notório, travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado Democrático de Direito e contra um golpe de Estado, que está sob investigação nesta Corte com observância do devido processo legal”, afirmou ainda Barroso na nota.
Leia a íntegra da manifestação do presidente do STF, Luís Roberto Barroso:
"Como é público e notório, travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado Democrático de Direito e contra um golpe de Estado, que está sob investigação nesta Corte com observância do devido processo legal.
O inconformismo contra a prevalência da democracia continua a se manifestar na instrumentalização criminosa das redes sociais.
O Supremo Tribunal Federal atuou e continuará a atuar na proteção das instituições, sendo certo que toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição Federal, às leis e às decisões das autoridades brasileiras.
Decisões judiciais podem ser objeto de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado. Essa é uma regra mundial do Estado de Direito e que faremos prevalecer no Brasil."
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF