O advogado Cristiano Zanin não deve ser interpelado sobre pautas progressistas que eventualmente possam entrar em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) durante sua sabatina desta quarta-feira (21) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Com isso, temas como descriminalização das drogas, direitos da comunidade LGBTQIAP+ e legalização do aborto podem ficar de fora dos questionamentos por parte dos senadores de esquerda.
"O meu lado sempre foi o mesmo, o lado da Constituição, o das garantias e o do amplo direito de defesa no devido processo legal. Para mim só existe um lado. O outro é a barbárie, é abuso de poder. Com muita honra e humildade, sinto-me seguro e com a experiência necessária para, uma vez aprovado por esta Casa, passar a julgar temas relevantes e de extremo impacto a nossa sociedade", disse Zanin ao abrir a sabatina na CCJ.
A expectativa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é garantir a aprovação de Zanin com uma margem ampla de votos como forma de mostrar apoio dentro do Senado. Nessa estratégia, Zanin buscou acenos, inclusive, entre os parlamentes da oposição, como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), por exemplo.
Ao todo, os partidos de esquerda contam com apenas cinco senadores na CCJ, sendo três do PT, um do PDT e outro do PSB. Apesar disso, o nome de Zanin deve ser aprovado com ampla maioria entre os partidos que integram a base do governo, como PSD, MDB e União Brasil.
A CCJ conta com 27 senadores titulares. Zanin precisa conquistar a maioria simples dos integrantes da colegiado, ou seja, 14 votos para ter seu nome aprovado.
A estratégia do Planalto visa evitar que os senadores da base posterguem os questionamentos feitos a Zanin. Estima-se que a sabatina do advogado de Lula possa ser uma das mais longas diante das perguntas que serão feitas pelos opositores, como os senadores Sergio Moro (União-PR), General Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES).
"Acredito também que o sistema legal deve assegurar que todos sejam tratados com igualdade perante a lei, independentemente da sua posição social, origem étnica, gênero ou religião. Os direitos fundamentais, como a liberdade de expressão, o direito à vida, a privacidade, a propriedade e a justiça são garantidas pelo Estado de Direito. Sem essa proteção, os cidadãos estariam sujeitos ao arbítrio doloso e a violação dos seus direitos mais básicos", completou Zanin.
Pacheco diz que aprovação de Zanin ao STF está “bem encaminhada”
Após a sabatina, os aliados de Lula pretendem levar o nome de Zanin para ser chancelado pelo plenário do Senado ainda nesta terça. De acordo com o presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD, a aprovação de Zanin está "bem encaminhada".
"A expectativa está bem encaminhada. Vamos aguardar a sabatina na CCJ, ela é determinante e preponderante. Levamos à tarde para o Plenário", afirmou Pacheco.
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), estima que Zanin possa receber o apoio de até 60 senadores no plenário. "Cristiano Zanin será aprovado na sabatina do Senado, e deverá ter até 62 votos", afirmou o senador, em entrevista à GloboNews .
Zanin foi indicado pelo presidente Lula, no início do mês, para preencher a vaga que era ocupada pelo ministro Ricardo Lewandowski. Se o nome for aprovado, o plenário do STF voltará a ter três ministros que foram indicados pelo petista, em diferentes momentos: com Zanin, Cármen Lúcia, indicada e empossada em 2006, no primeiro mandato de Lula; e Dias Toffoli, indicado e empossado em 2009, já no segundo mandato.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF