Partidos da base tentam se manter nos cargos em meio às negociações da minirreforma ministerial| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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Os partidos políticos que formam a base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde a transição estão tentando se manter nos cargos e garantir espaço em ministérios importantes depois que o Centrão manifestou interesse por ampliar sua presença na Esplanada dos Ministérios, na minirreforma ministerial que está sendo costurada para agosto.

Partidos, como o próprio PT, têm se mostrado incomodados com a possibilidade de perder espaço em pastas consideradas prioritárias, como é o caso do Ministério do Desenvolvimento Social. Ela concentra os recursos do Bolsa Família e é capitaneada hoje pelo ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT), mas é alvo da cobiça do PP de Arthur Lira, que cobra do governo o apoio que deu para a aprovação da reforma tributária na Câmara.

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André Fufuca (PP-MA), líder do partido na Câmara, já era tido como nome certo para o ministério, mas fontes próximas a Lula indicam que o PT tem resistido a possível substituição de Dias, nome forte no Nordeste e amigo pessoal de Lula.

Em entrevista recente ao portal R7, Lula admitiu as conversas sobre trocas nos ministérios, mas afirmou que não vai entregar pastas prioritárias, como Desenvolvimento Social e Saúde.

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O presidente disse ainda que as definições vão acontecer a partir de agosto, após o recesso parlamentar. Entre os cargos almejados pelo Centrão estaria também o comando do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB-SP).

Partidos aliados de Lula tentam se manter nos cargos

Procurado pela Gazeta do Povo, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que "não é novidade" que o PP e o Centrão queiram participar do governo. "A novidade seria trocar companheiros e parceiros de primeira hora e fundamentais para fazer a diferença, do ponto de vista eleitoral e político, pela gana de poder daqueles que, sabendo do risco que corria a democracia, apoiaram [o ex-presidente Jair] Bolsonaro no primeiro e no segundo turnos da eleição presidencial", disse. E acrescentou: "e isto, ainda estou acreditando que o presidente Lula não faria".

Fontes dizem que o PSB também se preocupa com o anseio dos partidos pelo Ministério dos Portos e Aeroportos, comandado por Márcio França.

Aliados também temem que o apetite de PP e Republicanos alcance o Ministério da Ciência e Tecnologia, de Luciana Santos (PCdoB-PE), que também compôs a base inicial de apoio a Lula.

Já Alckmin disse aos jornalistas nesta semana que a possível entrada de integrantes do Centrão nos ministérios é importante para a governabilidade. “É importante para a governabilidade, acho bom”, reforçou.

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Apesar dessa negociações, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, disse na semana passada que, se dependesse dele, nenhum membro da sigla participará do governo Lula. “E, se caso integrar – ninguém está proibido com isso, não vou fazer nenhum tipo de movimento para vetar nenhum nome – que seja feito individualmente. Em hipótese nenhuma o partido será envolvido numa aliança com um governo que nós não acreditamos e que a maioria do partido não concorda. Isso que é o mais importante”, afirmou o senador à CNN no dia 12.

Na volta da viagem à Europa, onde participou de uma cúpula entre países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia, Lula deverá se encontrar com Lira, que também está no exterior, em viagem de férias. Ambos devem continuar as conversas sobre cargos em ministérios e também em empresas estatais e órgãos estratégicos como Correios, Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Caixa e a recriada Fundação Nacional de Saúde (Funasa). A assessoria de Lira, porém, não confirmou a agenda.

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Participação feminina do governo pode diminuir com minirreforma

O Republicanos quer emplacar Sílvio Costa Filho (PE) no Ministério do Esporte, cargo hoje da ministra Ana Moser. Parlamentares que integram a legenda já dão o nome como certo na Esplanada, mas há resistência de setores que defendem a participação das mulheres na Esplanada, como a ministra do Planejamento, Simone Tebet. Neste mês, Lula demitiu Daniela Carneiro, que era ministra do Turismo, e em seu lugar nomeou Celso Sabino (União Brasil -PA).

A participação das mulheres pode ainda sofrer outro baque se for confirmada a saída de Rita Serrano do comando da Caixa, como quer o PP. Gilberto Occhi, que já presidiu a instituição, é o nome mais cotado. Contudo, essa indicação deve encontrar resistência em outra ala que apoia Lula: o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o ministro dos Transportes, Renan Filho, adversários políticos de Lira.

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O União Brasil deverá ser um dos menores problemas de Lula na costura da nova Esplanada, já que conseguiu acomodar o deputado Sabino no lugar de Daniela Carneiro. Mas ainda há discussões sobre Correios, Embratur e Funasa, que podem abraçar aliados que o governo precisa conquistar para angariar votos em temas importantes.

Analistas políticos ouvidos pela Gazeta do Povo ressaltam que essa composição de forças do atual Congresso Nacional, formada por partidos que antes eram pequenos e hoje aumentaram de tamanho e poder, busca ocupar espaços cada vez maiores dentro do governo.

E é exatamente dessa forma que pensa o deputado José Nelto (PP-GO). “O partido que está dando governabilidade é o PP, toda essa pauta, tudo o que está acontecendo, quem garantiu foi o Progressista”, disse ele. Já um parlamentar do Republicanos que preferiu não ser identificado disse à Gazeta do Povo que é natural que os partidos queiram maior participação na Esplanada.

Governo vai precisar negociar mesmo dando mais espaço ao Centrão

Resta saber se, confirmada a minirreforma, Lula vai conseguir obter apoio de todos os partidos que embarcarem no governo. O analista Cristiano Noronha, da Arko Advice, considera que, com um perfil ideológico tão diverso do governo, os partidos garantem o seu quinhão de espaço, mas isso não garante absolutamente que todas as bancadas dessas legendas irão votar com o Executivo em todas as pautas.

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“Nem mesmo Bolsonaro aprovava tudo que queria, Lula não vai conseguir, mesmo abrindo espaço para esses partidos. Continuo achando que determinados temas dessa pauta ideológica [do PT] continuam enfrentando resistências. Apoio vai ser para matérias econômicas e, mesmo assim, com negociação”, acrescenta.

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