O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (16), que em 29 de dezembro do ano passado, três dias antes do fim de seu mandato, o então ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, pediu sua autorização para divulgar seu cartão de vacinação. Bolsonaro disse no depoimento que autorizou a divulgação, mas que, se houvesse algo errado, determinou que o caso fosse investigado.
O interrogatório, que durou mais de 3 horas, buscou esclarecer se o ex-presidente autorizou ou não a inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde, por parte de auxiliares, registrando que teria tomado doses de vacina contra a Covid. No depoimento, Bolsonaro negou e alegou desconhecimento, inclusive em relação à ação de seu principal auxiliar, o coronel Mauro Cid.
O documento que registra o depoimento, obtido pela Gazeta do Povo, transcreveu da seguinte maneira a resposta do ex-presidente:
“Respondeu que no dia 29/12/2022, o ex-ministro da CGU, Wagner Rosário, entrou em contato com o declarante solicitando autorização para levantar o sigilo do acesso ao seu cartão de vacinação, em decorrência de pedidos por meio da Lei de Acesso à Informação-LAI; que concordou em liberar o acesso ao cartão, mas orientou que caso houvesse alguma coisa errada, que se procedesse a investigação pertinente”, diz.
O ex-presidente foi indagado se tinha ciência dos registros de vacinação contra a Covid em seu nome. Bolsonaro afirmou que:
“Em fevereiro do corrente ano, por meio da imprensa o declarante tomou conhecimento de que a CGU instaurou, no final do ano de 2022, um procedimento para investigar as possíveis fraudes relacionadas ao seu cartão de vacinação, encaminhando cópia à Polícia Federal-PF para apuração de possíveis ilícitos penais; que o declarante tomou conhecimento de uma dose aplicada em 19/07/2021, no bairro do Perouche, São Paulo-SP; que na referida data não tomou conhecimento das inserções falsas realizadas na cidade de Duque de Caxias em seu nome; que esclarece que a comunicação autorizando a divulgação do seu cartão de vacina foi realizada por telefone, em ligação com seu ex-ministro da CGU, Wagner Rosário; que esclarece que o início da investigação envolvendo a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19, em seu nome, ocorreu durante seu mandato pela CGU, com encaminhamento para a PF”.
A investigação da CGU prosseguiu durante o novo governo, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em fevereiro, o órgão cogitou divulgar o documento, o que acabou não ocorrendo porque ainda estava em investigação a inserção de dados falsos no cartão de Bolsonaro.
A investigação foi repassada à PF, que já tinha as mensagens de celular de Mauro Cid, nas quais ele tratava sobre o assunto com outros interlocutores que teriam participado do esquema. No depoimento, Bolsonaro também mencionou esse avanço na investigação, ressaltando, contudo, que ela começou ainda durante seu governo.
Com dados fornecidos pela CGU junto ao Ministério da Saúde, a investigação da PF desvendou que certificados falsos registrando doses para Bolsonaro foram emitidas no aplicativo Conecte-SUS nos dias 22 e 27 de dezembro, em computadores da Presidência. No dia 30 de dezembro, quando ele viajou para os Estados Unidos, outro certificado falso foi emitido, mas do celular de Mauro Cid, que voou junto com o ex-presidente para Orlando, na Flórida.
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