
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda pode recorrer ao próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e também ao Supremo Tribunal Federal (STF) da decisão que o tornou inelegível por oito anos. Além disso, a defesa de Bolsonaro conta com o apoio de aproximadamente 70 parlamentares na Câmara dos Deputados para tentar aprovar o chamado de "PL da Anistia", projeto de lei que busca beneficiar autores de ilícitos cíveis eleitorais ou aqueles declarados inelegíveis a partir de 02 de outubro de 2016.
O deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS), autor de um dos projetos sobre o tema, afirmou que a medida, se aprovada, iria evitar "uma injustiça com alguém que em duas eleições teve 120 milhões de votos e está sendo calado mesmo sem ter praticado crime algum”.
A proposta foi protocolada na Câmara logo após a declaração da inelegibilidade de Bolsonaro e conta com o apoio inclusive de deputados que integram a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Um deles é Rodrigo Valadares (União-SE), que também é coautor do projeto. "Vamos levar esse caso ao Plenário, e, de forma democrática, iremos decidir. Uma decisão política, meramente revanchista, afastou o maior rival político do governo atual. O Parlamento irá corrigir essa injustiça com o ex-presidente, que nenhum crime cometeu, e silenciou mais de 58 milhões de brasileiros".
Segundo os termos do "PL da Anistia", o benefício a quem foi condenado por ilícito cível eleitoral não alcança envolvidos em casos de improbidade administrativa, corrupção, enriquecimento ilícito e tráfico de drogas, entre outros crimes.
Bolsonaro foi considerado inelegível pelo TSE no julgamento de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) proposta pelo PDT, que o acusou de usar uma reunião com embaixadores, em julho do ano passado, para disseminar informações sobre a segurança das urnas eletrônicas consideradas incorretas pela Justiça Eleitoral, e também de usar veículos de mídia oficial para divulgá-las.
Parlamentares que apoiam o "PL da Anistia" cogitam aprovar a urgência da proposta, levando-a direto para análise do Plenário, sem a necessidade de passar pelas comissões da Câmara. No entanto, o tempo pode ser um “dificultador” do processo, já que nos próximos dias a pauta está reservada somente para a votação de matérias econômicas, e o Congresso entrará em recesso parlamentar na segunda quinzena de julho.
Além da proposta de Sanderson, o deputado Bibo Nunes (PL-RS), em conjunto com outros parlamentares, deve apresentar uma proposta para reduzir o período de inelegibilidade para dois anos. Nesse cenário, Bolsonaro poderia disputar as eleições de 2026. Atualmente, a sanção de inelegibilidade estabelecida pela lei é de oito anos.
Possíveis recursos contra a decisão de inelegibilidade
Após o julgamento da ação que terminou com a declaração de inelegibilidade, o advogado de defesa de Jair Bolsonaro, Tarcísio Vieira de Carvalho, disse aos jornalistas que recebia a decisão da Corte Eleitoral com “muito respeito” e que aguardaria a publicação do acórdão para analisar os futuros passos do processo.
No TSE, o recurso deverá ser um embargo de declaração para esclarecer pontos da decisão. Posteriormente, a defesa também deve apresentar recursos ao Supremo Tribunal Federal (STF).
TCU pode ampliar prazo de inelegibilidade
O TSE deve enviar ao Tribunal de Contas da União (TCU) representação sobre o mesmo encontro de Bolsonaro com os embaixadores, evento que motivou a denúncia que culminou em sua inelegibilidade. Assim, o TCU irá abrir um processo de tomada de contas para investigar o ex-presidente, o que pode vir a aumentar o período em que Bolsonaro ficará inelegível.
Se condenado pelo TCU, a pena, que pelo TSE vale desde outubro de 2022, começaria a contar a partir do fim da análise dos recursos, o que pode fazer com que o ex-presidente não possa disputar cargos eletivos até 2031.
O TCU definiu nesta terça-feira (4) que o ministro Jhonathan de Jesus será o relator da ação que pode aumentar o tempo de inelegibilidade do ex-presidente. A representação foi protocolada pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado. O Ministério Público junto ao TCU pediu que a Corte investigue os danos ao erário envolvendo a reunião com embaixadores realizada por Bolsonaro no ano passado.
O presidente do TCU, ministro Bruno Dantas, afirmou que ainda não recebeu a notificação do TSE com a decisão da semana passada.
Bolsonaro diz que está na “UTI”, mas ainda não está morto
Em entrevista concedida à Jovem Pan nesta segunda-feira (03), Bolsonaro foi questionado sobre quem iria apoiar nas próximas eleições presidenciais após ter sido declarado inelegível. O ex-presidente evitou declarar quem terá o seu apoio em 2026, mas citou nomes como lideranças positivas, a exemplo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), destacando-o como líder do maior estado brasileiro, e Romeu Zema (Novo), que governa Minas Gerais.
Ele disse, entretanto, que ainda não tem um nome no Brasil “para fazer o que eu fiz”. “Outros bons nomes apareceram, mas não têm ainda esse carimbo para falar para o Brasil todo: ‘estamos juntos para 2026’”, declarou.
Na entrevista, Bolsonaro também disse que acredita que não será preso e criticou os atos de vandalismo aos prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro. “A direita tem conhecimento do que aconteceu ao longo de quatro anos e aprendeu muita coisa. Quem fez esse quebra-quebra não foi o pessoal que estava acampado, palavra do próprio José Múcio [ministro da Defesa de Lula].
Projeto pode beneficiar Deltan Dallagnol
Se aprovado, o projeto de lei que prevê a anistia também beneficiaria o ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que perdeu o registro da candidatura em maio após o TSE considerar que o ex-coordenador da Operação Lava Jato pediu exoneração do cargo de procurador do Ministério Público Federal (MPF) para evitar a abertura de Processo Administrativo Disciplinar.
Na época da cassação, Dallagnol disse que o tribunal criou uma “inelegibilidade imaginária” para cassá-lo, e que foi vítima de perseguição por ter combatido a corrupção no Brasil.
Inconsistências, julgamento em plenário, Tarcísio como testemunha: o que diz a defesa de Bolsonaro
Mauro Cid reforça que não foi coagido em delação e pede absolvição ao STF
Em busca da popularidade perdida, governo anuncia alíquota zero de importação para baratear alimentos
Resultado da Petrobras justifica preocupação
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF