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Após jantar com árabes

Bolsonaro almoça com evangélicos e diz que quase chorou por ter se afastado de Magno Malta

Almoço de Bolsonaro com Evangélicos
Almoço de evangélicos com Bolsonaro reaproximou-o de Magno Malta e teve presença dos presidentes do Senado e do STF, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e Dias Toffoli. (Foto: Mauro Pimentel / AFP) (Foto: AFP)

Após jantar com representantes de países árabes, desta vez o presidente Jair Bolsonaro (PSL) mostrou proximidade também com lideranças evangélicas. Nesta quinta-feira (11), em almoço com evangélicos, Bolsonaro para fazer um triplo afago: aos filhos, ao ex-senador Magno Malta (PR-ES) e a Israel.

Enquanto contava sobre sua viagem com os filhos para o país, em 2016, quando foi batizado no rio Jordão, o presidente fez questão de reafirmar sua proximidade com a família. "Muitos tentaram afastar de mim. Mas ninguém afasta um filho do pai, o pai do filho", disse.

Bolsonaro também fez um cafuné no ex-senador Magno Malta, aliado na campanha que acabou alijado de seu governo: "Quase chorei, confesso. Que nunca mais nos afastemos".

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O presidente disse que a viagem a Israel tocou sua alma e defendeu que quem decide a capital do país é o povo. Ele também reafirmou seu compromisso de transferir a embaixada brasileira para Jerusalém. Por enquanto, Bolsonaro anunciou a criação de um escritório de representação comercial na cidade, e manteve a embaixada em Tel Aviv.

"Queremos cumprir esse compromisso, mas, como um bom casamento, tem que namorar, ficar noivo."

Solidariedade com vítimas de enchentes

O presidente abriu o discurso solidarizando-se com os cariocas, com o governador Wilson Witzel (PSC), que estava presente no evento, e com o prefeito Marcelo Crivella (PRB), diante das chuvas que deixaram dez mortos no início da semana. "Que Deus conforte os familiares das vítimas", afirmou.

Servido num hotel na Barra, zona oeste do Rio, o almoço com frango, picanha e penne à bolonhesa foi organizado pelo pastor Silas Malafaia, que sentou-se à mesa com o presidente.

"Não votamos em Bolsonaro exclusivamente por causa de agenda moral. Votamos porque ele tem vida limpa, [por causa da] questão da segurança, da corrupção, de um novo país, de desemprego, máquina emperrada", disse Malafaia, dirigindo-se à imprensa.

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Ele também comentou a pesquisa Datafolha que mostrou que, em três meses de governo, Bolsonaro tem a pior avaliação entre seus antecessores em primeiro mandato.

"Nos últimos 24 anos, quem governou o país? Quem foi eleito presidente e encontrou estado de calamidade, roubalheira como o presidente Bolsonaro?", questionou Malafaia.

Presença dos presidentes do STF e do Senado

O pastor parabenizou o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que compareceram ao almoço.

"Tive dúvida quando foi colocado como presidente do Supremo", disse Malafaia, acrescentando que reconhece que Toffoli age como guardião da Constituição.

O presidente do STF, em nome do Judiciário, disse que os evangélicos atuam na resolução de conflitos e que ajudam os mais necessitados. "O trabalho que os evangélicos têm feito no nosso país merece e deve ter reconhecimento", afirmou.

Ele também disse que o momento é de união, serenidade e diálogo. Afirmou ainda que não se pode deixar que intrigas tirem o país do trilho. "Que Deus abençoe a nação brasileira", afirmou ao fim de seu discurso.

Nas duas mesas principais, sob um telão onde se lia "Deus abençoe o Brasil!", sentaram-se Bolsonaro, Malafaia, Toffoli, Alcolumbre e Witzel. Ex-senador, Magno Malta (PR-ES) foi acomodado na frente de Alcolumbre.

O irmão de Malafaia, o deputado estadual Samuel (DEM-RJ), e o afilhado político do pastor na Câmara, Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), almoçaram na mesma mesa.

Evangélicos brasileiros e visitante norte-americano

Lá estavam algumas das maiores lideranças evangélicas do país, como os patronos das duas maiores Assembleias de Deus, José Wellington Bezerra da Costa (do ministério Belém) e Manoel Ferreira (ministério Madureira).

Os assembleianos, segundo o Censo, formam a ala majoritária dos evangélicos no Brasil. O próprio Malafaia vem dali: comanda a Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

Um convidado internacional: o pastor John Hagee, da megaigreja texana Cornerstone. Ele, que está no Brasil para uma série de pregações no templo do anfitrião, lidera a organização Christians United for Israel.

Donald Trump

Os convidados prometiam não trazer à pauta temas indigestos, como a mudança adiada da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, um pleito deles. Diziam estar lá para "orar pelo presidente".

O tema, contudo, foi inevitável. Hagee contou que em 2017 teve uma reunião parecida, mas com Donald Trump, e na Casa Branca. Disse ao presidente americano que ele se tornaria imortal no dia em que transferisse o corpo diplomático dos EUA para Jerusalém, o que acabou sendo feito por Trump.

"Quando você começar a abençoar Israel de maneira prática, haverá uma explosão sobrenatural", disse Hagee.

Malafaia também falou sobre o tema. Ele riu ao citar o argumento usado por aqueles que não desejam contrariar a ONU, que não reconhece Jerusalém como capital israelense.

Ele afirmou que as nações mais poderosas, que têm assento permanente no Conselho de Segurança, são peritas em desobedecer a ONU. "O Brasil pertence à ONU, mas não é subserviente a ela. Não somos nós que vamos dizer a uma nação onde é sua capital."

O pastor defendeu o intercâmbio tecnológico com o país do Oriente Médio para resolver o problema da seca nordestina. Assim, afirmou Malafaia, Bolsonaro "vai arrancar o último pão da boca desses esquerdopatas".

Convidados lembraram do apoio do segmento ao presidente: evangélicos não só deram 7 em cada 10 votos para Bolsonaro na eleição como continuam sendo o quinhão mais fiel a ele nas pesquisas de popularidade.

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