O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (21) que fará uma reforma ministerial na próxima semana. A declaração ocorreu em entrevista à rádio Jovem Pan de Itapetininga (SP). A reforma ministerial deve promover mudanças na Casa Civil e na Secretaria-Geral da Presidência, além de recriar o Ministério do Trabalho.
"Estamos trabalhando, inclusive, uma pequena mudança ministerial, que deve ocorrer na segunda-feira [26], para ser mais preciso, para a gente continuar aqui administrando o Brasil", declarou Bolsonaro à emissora.
Uma das mudanças deve ocorrer na Casa Civil, atualmente ocupada pelo general Luiz Eduardo Ramos. Para o cargo, o presidente teria escolhido o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP e um dos principais líderes do Centrão.
Na Casa Civil, ministério responsável pela articulação política, Ramos sofreu queixas por parte de figuras importantes do Congresso, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que é filiado ao mesmo partido de Ciro Nogueira.
A indicação de Nogueira para a Esplanada ajudaria a conter a insatisfação da base aliada de Bolsonaro, que cresceu quando o presidente fez ameaças à realização das eleições do ano que vem e quando criticou a aprovação do fundão eleitoral de R$ 5,7 bilhões, aprovado pela maioria dos apoiadores do governo no Congresso. No Legislativo, Ramos estaria sendo apontado como quem levou Bolsonaro a apontar o atual vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), como o único responsável pelo fundão.
Além disso, como Nogueira é senador, a indicação dele à Esplanada também seria uma forma de agradar ao Senado, num momento em que Bolsonaro se vê acuado pela CPI da Covid. Também seria uma forma de facilitar a aprovação da indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF), que tem de passar pelo Senado.
Onyx deve sair da Secretaria-Geral, mas pode ganhar o Trabalho na reforma ministerial
Segundo informações de bastidores, o Planalto avalia deslocar o general Ramos da Casa Civil para a Secretaria-Geral da Presidência, hoje ocupada por Onyx Lorenzoni.
A secretaria é outra pasta responsável pela articulação política; e o desempenho de Onyx também não estaria agradando a base do governo no Congresso. A avaliação é de que o atual ministro estaria mais interessado em construir sua candidatura ao governo do Rio Grande do Sul do que em atender às demandas dos parlamentares com o governo.
Mas Onyx tende a não ficar sem uma cadeira na Esplanada, pois Bolsonaro estaria avaliando recriar o Ministério do Trabalho – que seria ocupado pelo atual titular da Secretaria-Geral.
Mas nem mesmo a ida de Ramos para a Secretaria-Geral não está certa. Outro nome cotado é do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Alcolumbre estaria criando entraves para a aprovação da indicação de André Mendonça para o STF, que tem de passar tanto pela CCJ quanto pelo plenário do Senado. Ao indicá-lo para a Esplanada, Bolsonaro tenta vencer a resistência ao nome de Mendonça.
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