Bolsonaro desembarcou em Buenos Aires ao lado da primeira dama Michele Bolsonaro: primeira vez dele na Argentina.| Foto: Carolina Antunes/Gazeta do Povo

O discurso segue as regras da boa diplomacia, mas na prática o presidente Jair Bolsonaro tem falado de política interna sem hesitar nas viagens internacionais que tem realizado. Foi assim nos Estados Unidos, em Israel e agora na Argentina. "Toda a América do Sul está preocupada em que não tenhamos novas Venezuelas", exclamou.

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O discurso repetido nesta quinta-feira (6) na Casa Rosada, sede do governo argentino, é o mesmo adotado por Bolsonaro nos últimos meses, quando externou preocupação com uma possível volta de Cristina Kirchner ao poder na Argentina.

O país vizinho terá eleições no segundo semestre. Bolsonaro é visto como um cabo eleitoral de Maurício Macri, atual presidente e que provavelmente tentará a reeleição. "Seja bem vindo, querido Jair Bolsonaro", falou o argentino no discurso conjunto que os presidentes fizeram. Macri foi o primeiro presidente a fazer uma visita oficial ao Brasil no governo Bolsonaro. Nas últimas pesquisas de intenção de voto, Maurício Macri e a chapa composta por Alberto Fernandez e Cristina Kirchner aparecem empatados.

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"A gente trabalha agora de uma maneira muito clara, com o governo de Maurício Macri", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. "É o futuro que nós vemos, porque temos experiência no passado, muito negativa, com governos anteriores nos dois países. Então não adianta, por um temor, não fazer nada agora", declarou.

No discurso na Casa Rosada, Jair Bolsonaro mais uma vez pediu por uma intervenção divina a favor de Macri. "Conclamo o povo argentino, que Deus abençoe todos eles já que vamos ter eleições". Há um mês, em Dallas (EUA), Bolsonaro falou que a volta de Cristina Kirchner seria um gol contra e que faria da Argentina uma Venezuela ao sul da América do Sul.

O chanceler argentino, Jorge Faurie, questionado pela imprensa local sobre a participação de Bolsonaro nas eleições, respondeu que isso se dá por uma coincidência de agendas políticas. "Queremos para os nossos povos liberdade. Que a economia seja mais flexível e competitiva e, desse ponto de vista, as reformas que o Bolsonaro está praticando no Brasil coincidem com as ideias do Macri. E isso fará como que Brasil e Argentina possam recuperar o nível de protagonismo na América Sul", afirmou.

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Essa é a segunda (ou terceira vez) que Bolsonaro declara apoio a um candidato em um país que terá eleições num curto período de tempo. Em sua visita à Casa Branca, em março, Bolsonaro deixou clara a sua admiração pelo presidente norte-americano Donald Trump, que tentará a reeleição no próximo ano. Em seu discurso na Casa Branca, o presidente do Brasil voltou a falar que a eleição é um assunto interno, mas...

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"Acredito na eleição de Donald Trump. O povo americano que o elegeu vai repetir o voto. Quem apoia o socialismo e o comunismo vai abrir a mente", falou Bolsonaro ao responder uma pergunta de como seria a relação dele, casa um candidato democrata derrotasse Trump. Antes, o presidente brasileiro já havia demonstrado apoio público à reeleição do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, o que acabou acontecendo.

Reunião com empresários argentinos

Em uma reunião que contou com a presença de 38 empresários argentinos, Jair Bolsonaro discutiu oportunidades de negócios nos dois países. O chanceler argentino Jorge Faurie falou que a reunião de hoje é mais um passo na integração comercial entre os dois países e para fortalecer o Mercosul.

Faurie também se disse confiante na reunião técnica entre representantes do Mercosul e da União Europeia, no fim de junho em Bruxelas, e que a participação do Brasil nas negociações é fundamental. "Depois que a equipe técnica do Brasil se incorporou a nossa, após a transição, houve uma aceleração nas negociações".