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Nesta quinta-feira (1), ao falar sobre a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atribuiu ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, os votos dados pelos parlamentares da sigla ao relatório que pediu o indiciamento do ex-presidente.
Atualmente, Kassab é titular da Secretaria de Governo e Relações Institucionais do governo de São Paulo, estado governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), afilhado político de Bolsonaro.
“O Kassab determinou que todos os seus deputados e senadores votassem contra Jair Bolsonaro, favorável ao relatório, para me indiciar na CPMI independente de provas para que ele tivesse três ministérios no governo Lula. Esse é o perfil. O Kassab bem representa o caráter do velho político brasileiro”, afirmou o ex-presidente durante entrevista concedida ao programa Sem Filtro, da revista Oeste.
Na mesma entrevista, ao falar sobre as acusações de manter uma “Abin paralela” em seu governo, Bolsonaro disse que “quando a esquerda acusa alguém de alguma coisa é porque ela está fazendo essa coisa”.
Para explicar a afirmação, Bolsonaro recorreu ao livro biográfico: Uma ovelha negra no poder - Confissões e intimidades de Pepe Mujica. Lançado em 2015, o livro trata de confidencialidades do ex-presidente do Uruguai sobre o uso das inteligências venezuelana, cubana e brasileira pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Bolsonaro citou um episódio narrado no livro em que Dilma e um assessor de Mujica teriam se reunido secretamente, em 2012, e a petista teria buscado o apoio do ex-presidente do Uruguai para afastar o Paraguai do Mercosul e integrar a Venezuela ao bloco.
Mujica era contra o afastamento do Paraguai e Dilma estaria orquestrando uma represália contra aquele país por conta do impeachment do ex-presidente Fernando Lugo, amigo da petista e integrante do Foro de São Paulo.
“Como Mujica seria convencido a afastar o Paraguai? Dilma entregou para esse assessor uma coletânea de materiais. Tinha ali fotografias, vídeos, captações telefônicas, material de arapongagem. E, onde fica o mais importante disso tudo? Esse material foi conseguido pelas inteligências cubana e venezuelana [...] Então, o fato grave: Dilma Rousseff se valia de cubanos, venezuelanos e da própria Abin para ter os seus relatórios e atingir os seus objetivos. É um crime o que aconteceu na época”, disse Bolsonaro ao citar trechos do livro.
“Começamos a falar de Abin nesse momento, em 2012, e podemos chegar a este momento em que somos acusados de ter uma ‘Abin paralela’”, concluiu o ex-presidente.