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Abriu o jogo

6 temas importantes abordados por Bolsonaro em café com jornalistas

O presidente Jair Bolsonaro durante café da manhã com jornalistas no dia 5 de abril. Foto: Marcos Corrêa/PR
Acompanhado de ministros, o presidente Jair Bolsonaro estava bem à vontade no café da manhã com jornalistas. Foto: Marcos Corrêa/PR (Foto: Marcos Correa)

O fim do horário de verão, mudanças na Secom e no Ministério da Educação (MEC), Nova Previdência, os tuítes de Carlos Bolsonaro e a influência de Olavo de Carvalho no governo foram alguns dos assuntos abordados pelo presidente Jair Bolsonaro em café da manhã com jornalistas, nesta sexta-feira (5), no Palácio do Planalto. Veja o que Bolsonaro disse sobre cada um desses assuntos.

“Não existem olavetes contra militares”

O presidente negou haver uma disputa entre a ala militar do governo e o grupo do escritor Olavo de Carvalho. Ao lado do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, Bolsonaro minimizou o confronto, apesar das sucessivas críticas de Olavo ao titular da Secretaria de Governo general Carlos Alberto dos Santos Cruz, e ao vice-presidente Hamilton Mourão. "Não existem 'olavetes' contra militares", afirmou Bolsonaro.

As duas alas estariam em uma queda de braço pelos comandos do MEC, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e da Secretaria de Comunicação. "Agora (dizem que) militares querem a Apex e a Secom. Isso não existe", insistiu Bolsonaro. Para o general Heleno, não existe nem mesmo uma "ala militar" do governo. "Querem criar dissenso. É uma invenção, fofoquinha", observou o general.

Bolsonaro confirmou que vai mudar o comando da Secom na próxima segunda-feira (8) e que o novo chefe será Fábio Wajngarten. O empresário substituirá o publicitário Floriano Amorim, que acompanha o presidente desde os tempos em que ele era deputado.

MEC: “está bastante claro de que não está dando certo”

Jair Bolsonaro sinalizou que o ministro da educação, Ricardo Vélez, também vai deixar o comando do MEC. Desde que está à frente da pasta, o colombiano naturalizado brasileiro tem sido criticado por sua administração. O ministro, no entanto, disse que não conversou com Bolsonaro e que não irá deixar o comando do MEC.

O presidente afirmou que "está bastante claro de que não está dando certo. Ele é bacana e honesto, mas está faltando gestão, que é coisa importantíssima". Na quarta-feira (4), o presidente, que havia acabado de chegar de viagem, e Vélez tiveram uma conversa de 40 minutos.

Na segunda-feira (1), Bolsonaro disse que "tira a aliança da mão direita e põe na esquerda ou põe na gaveta. Vamos supor que seja a saída dele (Vélez)". O presidente indicou ainda que não descarta reaproveitar o ministro em outra área do governo.

"Até segunda, vai ser resolvido, ninguém mais vai reclamar. Vélez é boa pessoa. Quem vai decidir sou eu. Segunda é o dia do fico ou não fico", disse o presidente.

“Quem tem minha senha tem minha confiança”

Bolsonaro defendeu seu filho Carlos, vereador no Rio de Janeiro, criticado no Congresso e até mesmo no Palácio do Planalto por postar mensagens com ataques a aliados do governo. O presidente disse ter confiança em Carlos e que o filho é responsável pelos próprios atos.

"O que meu filho posta é de responsabilidade dele", disse Bolsonaro. "No meu Twitter é de minha responsabilidade. Quem tem minha senha tem minha confiança", completou, ao observar que, mesmo não sendo ele quem posta as mensagens, dá aval para o que é publicado nas redes sociais.

Apesar de dizer que não é só ele o detentor das senhas de contas oficiais do Planalto nas redes sociais, Bolsonaro não informou quem as tem. Até agora, sabe-se que Carlos opera as contas pessoais do presidente na internet.

Nos últimos dias, Bolsonaro foi cobrado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que não gostou das críticas feitas a ele por Carlos e seu grupo no Twitter. Outros deputados senadores e até magistrados já se queixaram da ofensiva que, para eles, é capitaneada pelo filho "zero dois" do presidente.

"Ninguém tem controle sobre as mídias sociais", disse Bolsonaro, repetindo a resposta que tem dado a aliados. "Ali é liberdade de imprensa pura. Não é na canela. É do pescoço para baixo."

Relação com Congresso: "eu fazia xixi na cama até os 5 anos”

Ao comentar os problemas enfrentados para obter apoio no Congresso, Bolsonaro disse que já deu muitas "caneladas" na vida, mas não considera necessário viver se desculpando por isso. Um dia depois de se reunir com presidentes de partidos e pedir ajuda para votar a reforma da Previdência, Bolsonaro afirmou que iniciará uma nova etapa no relacionamento com deputados e senadores. Fez questão de negar, porém, a distribuição de cargos em troca de votos.

"Faz 28 anos que dou caneladas", disse ele, em referência ao período em que permaneceu na Câmara como deputado. "Eu fazia xixi na cama até os cinco anos. Vou ter de me arrepender disso também?", perguntou, em tom de brincadeira.

Na noite de quinta-feira (4), o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, havia afirmado que Bolsonaro se desculpara com dirigentes dos partidos por "caneladas" dadas nos últimos dias. Houve, por exemplo, um embate público entre Bolsonaro e Rodrigo Maia. O que mais tem irritado os congressistas é o fato de Bolsonaro falar em "velha política", associando negociações a irregularidades e corrupção.

Ao lado de Lorenzoni e dos ministros Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Augusto Heleno, Bolsonaro afirmou que não se falou a palavra "cargo" durante os encontros mantidos na quinta com presidentes de partidos no Planalto.

"O vice falou algo nesse sentido. Matei no peito. Tudo bem", disse Bolsonaro. Na quarta-feira, um dia antes de o presidente se reunir com dirigentes de partidos, o vice-presidente Hamilton Mourão havia afirmado que, a partir do momento em que as legendas concordam com propostas do governo, "é óbvio" que terão algum tipo de participação na equipe, seja em cargos no Estados ou algum ministério.

No café com jornalistas, Bolsonaro disse que o governo vai costurar apoio por projetos na Câmara e no Senado, sem toma lá, dá cá. "Não temos, com exceção da Previdência, a intenção de forçar a barra no Congresso", argumentou. O presidente contou que alguns dirigentes de partidos reclamaram do fato de não terem retorno de ministros e dos bancos públicos, mas disse que se trata de uma situação fácil de ser resolvida.

Questionado sobre o fogo amigo no governo, Bolsonaro admitiu haver "caneladas internas" e disse ter pedido a ministros que não deem respostas apressadas, para não provocar mal-entendidos.

Capitalização: “Se tiver reação grande, tiramos da proposta”

O presidente disse que o novo regime previdenciário baseado no sistema de capitalização pode ser retirado da proposta de reforma. A previsão de criação do novo regime está no texto encaminhado ao Congresso e é uma das principais bandeiras do ministro da Economia, Paulo Guedes, para "salvar as futuras gerações" do atual sistema, insustentável ao longo do tempo.

"Teto e tempo de serviço são os pontos mais importantes [da reforma]. Capitalização podemos discutir o projeto agora ou depois. Se tiver reação grande, tiramos da proposta", afirmou Bolsonaro. Congressistas já demonstram resistência ao sistema.

A ideia de Guedes foi incluir na reforma da Previdência uma autorização para que o governo crie o regime de capitalização. Os detalhes do funcionamento do novo sistema previdenciário, porém, só seriam conhecidos mesmo em um segundo momento, através de um projeto de lei complementar, que também seria enviado ao Congresso.

Na capitalização, o trabalhador recolhe para uma conta individual, numa espécie de poupança previdenciária. No atual regime, de repartição, as contribuições atuais pagam quem está aposentado. Esse sistema se torna insustentável à medida em que o número de idosos cresce e a base de trabalhadores diminui.

"Não teremos horário de verão” 

O presidente anunciou que não haverá horário de verão no Brasil neste ano. O adiantamento nos relógios em grande parte do Brasil estava programado para voltar a acontecer em outubro. O objetivo da ação é aproveitar melhor a luz do sol durante o verão e evitar o sobrecarregamento do sistema elétrico em horários de pico. Mas também é alvo de críticas.

A decisão de Bolsonaro foi baseada após um estudo realizado pelo Ministério de Minas e Energia. "Não teremos horário de verão. Quase certo, pelo estudo que tenho", disse. O horário de verão foi adotado pela primeira no Brasil em 1931 e está em vigor, sem interrupção, há 35 anos.

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