O presidente Jair Bolsonaro decidiu cancelar a viagem que faria aos Estados Unidos, no próximo dia 14, para receber o prêmio “Pessoa do Ano” da Câmara de Comércio Brasil-EUA, em Nova York. O governo se manifestou na noite desta sexta-feira (3) por meio de nota oficial assinada pelo porta-voz da Presidência, Otávio de Rêgo Barros.
"O Presidente da República agradece a homenagem proposta pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, ao escolhê-lo 'Personalidade do Ano de 2019'. Entretanto, em face da resistência e dos ataques deliberados do Prefeito de Nova York e da pressão de grupos de interesses sobre as instituições que organizam, patrocinam e acolhem em suas instalações o evento anualmente, ficou caracterizada a ideologização da atividade. Em função disso, e consultados vários setores do governo, o Presidente Bolsonaro decidiu pelo cancelamento da ida a essa cerimônia e da agenda prevista para Miami."
Bolsonaro foi escolhido para receber a homenagem em fevereiro deste ano. A honraria é conferida há 49 anos a uma personalidade brasileira e outra americana. Neste ano, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, é o outro homenageado.
O mesmo prêmio já foi entregue ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao governador de São Paulo, João Doria, e ao atual ministro da Justiça, Sergio Moro.
A escolha de Bolsonaro vinha causando polêmica nos Estados Unidos. Ativistas da causa LGBT e do meio ambiente estavam pressionando empresas a desistir de patrocinar o evento da Câmara de Comércio.
Nos últimos dias, três empresas anunciaram a retirada de apoio: o jornal Financial Times, a companhia aérea Delta Air Lines e a consultoria Bain & Company.
O Museu de História Natural de Nova York, palco tradicional do jantar de gala, já havia se recusado a sediar o evento. Em nota, o museu disse que a reserva do espaço foi feita antes de ser informado que o presidente brasileiro era um dos homenageados e que o perfil de Bolsonaro não refletia as posições da instituição.
O próprio prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio, pediu ao museu que não recebesse Bolsonaro e criticou o que considera posições homofóbicas e racistas do presidente brasileiro, além de seu discurso sobre a Amazônia.
O Cipriani Hall, em Wall Street, também se recusou a receber o evento. Por fim, o Hotel Marriott, em Manhattan, aceitou realizar o jantar de gala que está com ingressos esgotados.