O presidente Jair Bolsonaro (PSL) concedeu ao escritor Olavo de Carvalho o mais alto grau da Ordem de Rio Branco, condecoração dada pelo governo do Brasil para "distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas, estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção."
Em edição extra do Diário Oficial da União desta terça-feira (30), Bolsonaro admitiu Olavo no grau de Grã-Cruz da ordem.
Radicado nos Estados Unidos desde 2005, Olavo de Carvalho é considerado o guru ideológico dos filhos de Bolsonaro e dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Abraham Weintraub (Educação).
O escritor recebeu uma homenagem superior à concedida a dois dos filhos de Bolsonaro. No mesmo decreto, o presidente admitiu o senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no grau de Grande Oficial, o segundo mais importante.
No mesmo decreto que concedeu a ordem a Olavo, Bolsonaro também admitiu, no grau de Grã-Cruz, outras 34 pessoas. Todas são autoridades públicas, como o vice-presidente Mourão, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); os ministros da Justiça, Sergio Moro, e da Economia, Paulo Guedes; os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Também foram agraciados no mesmo grau o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), José Mucio e militares de alta patente.
A Ordem de Rio Branco foi criada em 1963 e homenageia o patrono da diplomacia brasileira. Ela consiste de cinco graus: Grã-Cruz (a mais alta), Grande Oficial, Comendador, Oficial e Cavaleiro, além de uma medalha anexa.
Como presidente da República, Bolsonaro é o Grão-Mestre da Ordem de Rio Branco.
Bolsonaro incluiu Olavo num grau que, segundo o regulamento da ordem, é reservado apenas para determinadas autoridades. As normas, disponíveis no site do Itamaraty, estabelecem que a Grã-Cruz pode ser dada ao presidente da República e ao vice-presidente; aos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF); a ministros, governadores e militares de alta patente, além de "embaixadores estrangeiros e outras personalidades de hierarquia equivalente."
A homenagem é composta de dois quadros. O ordinário, que só é distribuído a diplomatas da ativa, e o suplementar, aberto a pessoas de fora da carreira de relações exteriores.
Olavo e as demais autoridades admitidas no grau de Grã-Cruz nesta terça foram agraciadas no quadro suplementar.
Outros parlamentares agraciados no grau Grande Oficial, o mesmo dos filhos de Bolsonaro, foram o senador Major Olimpio (PSL-SP), a deputada Bia Kicis (PSL-DF) e o deputado Helio Lopes (PSL-RJ).
Mais críticas a membros do governo
Nos últimos dias, Olavo disparou críticas contra a ala militar do Palácio do Planalto, tendo como principais alvos o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz.
No início de abril, Olavo disse nas redes sociais que Santos Cruz "ofende de maneira brutal" o presidente.
O escritor incentivou ainda o deputado federal Marco Feliciano (Pode-SP) a apresentar um pedido de impeachment contra o vice-presidente.
Reagindo às críticas de Olavo, Mourão disse que o escritor deveria "se limitar à função que ele desempenha bem, que é de astrólogo."
Olavo e os Bolsonaros
Bolsonaro conheceu Olavo de Carvalho a partir de seus filhos, que são admiradores do escritor. Em março, durante a viagem presidencial aos EUA, Bolsonaro, Eduardo e Olavo estiveram em um jantar na residência oficial do embaixador do Brasil em Washington.
Indicações para o governo
Apontado como guru de Bolsonaro, Olavo foi responsável pela indicação de dois ministros: Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Vélez Rodríguez, demitido do MEC no início do mês.
Conflitos com militares
Olavo tem feito críticas públicas à atuação dos militares no governo Bolsonaro, o que inclui o vice-presidente, Hamilton Mourão, e já pediu a seus ex-alunos que deixem o governo. A disputa entre olavistas e membros das Forças Armadas chegou a travar as atividades do MEC e culminou na demissão de Vélez.
Vídeo apagado
No sábado (20 de abril), um vídeo em que Olavo criticava os militares foi postado no canal oficial de Bolsonaro no YouTube, mas a publicação foi apagada no domingo (21). Na segunda (22), Mourão disse que Olavo deveria se limitar à "função de astrólogo", e Bolsonaro afirmou que as críticas do escritor não contribuem com o governo.