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Bolsonaro em motociata de Chapecó
Bolsonaro em motociata de Chapecó.| Foto: Isac Nóbrega/PR

Um dia após o depoimento dos irmãos Miranda na CPI da Covid, o presidente Jair Bolsonaro criticou neste sábado (26) a comissão parlamentar de inquérito do Senado e o Supremo Tribunal Federal (STF). Sem se referir à acusação dos irmãos Miranda de que foi avisado sobre supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin, Bolsonaro disse: "Lamentavelmente, o Supremo decidiu pela CPI e decidiu que governadores são desobrigados a comparecer. Querem apurar o quê? No tapetão não vão levar".

A CPI da Covid só foi instalada por decisão do STF, pois o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aliado de Bolsonaro, estava se recusando a autorizar o funcionamento da comissão apesar de o requerimento de criação dela ter cumprido todos os requisitos legais. Nesta semana, porém, o STF barrou a convocação de governadores – bolsonaristas argumentam que o que teria de ser investigado não é o governo federal, mas os desvios de recursos para o combate à pandemia que ocorreu nos estados.

As críticas de Bolsonaro ao STF e à CPI foram feitas ao fim de uma "motociata" (passeio de motos) do qual ele participou em Chapecó (SC).

Por mais de uma vez, Bolsonaro usou a analogia do "tapetão" para dizer que querem afastá-lo da Presidência sem motivo. "Não adianta provocar, inventar, querer nos caluniar, nos atacar 24 horas por dia, porque não conseguirão. Só uma coisa me tira de Brasília: o nosso Deus. Não vão ganhar no tapetão ou inventando narrativas", disse.

Bolsonaro insinua que o "tapetão" seria para eleger Lula

Sem citar o ex-presidente Lula (PT) nominalmente, Bolsonaro também afirmou que haveria interesse em elegê-lo por meio de uma fraude. E insinuou que isso teria sido feito pelo STF. "Tiraram um vagabundo [Lula] da cadeia, o tornaram elegível, e querem agora torná-lo presidente pela fraude", disse o presidente.

Foi o STF que determinou a soltura de Lula e que restabeleceu os direitos políticos do petista, permitindo que ele volte a disputar eleições. Além disso, vários ministros do Supremo são contra a volta do voto impresso nas eleições – o que vem sendo defendido por Bolsonaro para evitar fraudes eleitorais.

"Tem eleições ano que vem. Se Deus quiser, com apoio do parlamento, [teremos] o voto [impresso] auditável. Vamos botar um fim, no mínimo, na sombra da fraude que deve acontecer com toda a certeza a cada eleição", afirmou Bolsonaro nesta sábado em Chapecó. Bolsonaro costuma se referir a fraudes na eleição de 2018 e chegou a dizer que teria provas disso, mas nunca as apresentou.

Já a Câmara dos Deputados debate uma PEC para reinstituir o voto impresso para que o resultado da votação eletrônica possa ser auditado.

Apesar disso, a possibilidade de a PEC passar no Congresso sofreu um revés neste sábado (26). Em reunião, presidentes de 11 partidos, que representam dois terços dos deputados e senadores, decidiram se posicionar a favor da votação eletrônica e contra a adoção de voto impresso para apuração dos votos. Os partidos representados foram DEM, MDB, PSDB, PP, PSD, PSL, Avante, Republicanos, Solidariedade, Cidadania e PL.

Em entrevista à CNN, o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, comemorou a posição dos partidos. Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é uma das principais vozes contrárias ao voto impresso.

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