Ao realizar compromissos na Argentina antes da posse de Javier Milei, nesta sexta-feira (8), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer uma "governança mundial" sobre a Amazônia. Na leitura do ex-mandatário, isso significaria uma interferência na autonomia do país. Bolsonaro
“Nós defendemos a democracia, a liberdade, o livre comércio, o bom relacionamento entre os povos e, o mais importante, a autonomia de cada país. Não podemos falar em uma governança mundial, seja para qual setor for, quando, por exemplo, o presidente do Brasil acha que a questão ambiental, a Amazônia, deve ter uma governança mundial”, disse Bolsonaro ao jornalista Eduardo Feinmann, da rádio argentina Mitre.
A crítica do ex-presidente ocorre após Lula cobrar da comunidade internacional a cifra de US$ 100 bilhões para a preservação da Amazônia e o combate à mudanças climáticas. “É inaceitável que a promessa dos US$ 100 bilhões por ano, assumida pelos países desenvolvidos, não saia do papel; enquanto, só em 2021, os gastos militares chegaram a US$ 2.2 trilhões”, disse o chefe do Executivo na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-28), no último sábado (1°).
Ao se encontrar com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em fevereiro deste ano, Lula defendeu a existência de uma “governança global” para a questão climática, que passaria por reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Por outro lado, ele afirmou que o Brasil não abriria mão da sua soberania sobre a região. “O que nós queremos na verdade é compartilhar com a ciência do mundo inteiro um estudo profundo sobre a necessidade da manutenção da Amazônia, mas extrair da riqueza da biodiversidade, algo que possa significar a melhoria da qualidade de vida das pessoas que moram lá”, disse o presidente durante o encontro.
Apesar da declaração, a proposta de aporte de recurso internacional sobre a região gera receio em especialistas pela possibilidade de ingerência estrangeira. Caso haja um comprometimento efetivo por parte dos países desenvolvidos, é esperado que o Brasil faça contrapartidas em relação à Amazônia.
Por outro lado, nos bastidores, a expectativa de que o montante bilionário seja efetivamente doado é pequena – motivo que explica a pressão de Lula sobre a comunidade internacional.
Bolsonaro: "Esquerda quer é poder absoluto"
Ainda na entrevista à rádio argentina, Bolsonaro criticou os governos de esquerda na América do Sul e destacou que o país vizinho, assim como o Brasil, foi prejudicado pelas gestões anteriores a Milei. Só neste ano, a inflação na Argentina chegou a 142%.
"A Argentina tem suas peculiaridades, é um país grande, o segundo da América do Sul, e com riquezas minerais e um potencial muito grande. Há poucas décadas, teve o maior PIB da América do Sul e foi perdendo. Assim como o Brasil, foi perdendo quando a esquerda entra no poder. A esquerda só tem um objetivo: o poder pelo poder a qualquer custo. Não pensam no seu povo. Assim como a Argentina empobreceu com a esquerda, o Brasil também empobreceu".
Bolsonaro também criticou a política econômica do PT, o que, segundo ele, justificaria a pobreza na região Nordeste do país e os grandes movimentos de migração de nordestinos para o Sul do país.
“No Brasil, temos cinco regiões. A região Nordeste, são os mais pobres do Brasil, uma região rica também por conta das suas belezas naturais, entre outras. Mas cuja população migra mais para o Sul, onde os governos não são de esquerda. E a cidade que contém mais nordestinos é São Paulo. Por que São Paulo tem tanto nordestino? Porque eles fogem de seus estados, que não possuem perspectiva, não oferecem meios e a pobreza se faz presente. E por que isso? Porque há 20 anos o PT administra aquela região. Deveria ser a melhor região do Brasil e não é”, disse o ex-presidente.
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