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Orçamento

Como deputado, Bolsonaro se referia a contingenciamento como corte

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil.
Bolsonaro disse que está feliz com a PGR e que interino pode assumir após saída de Dodge (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
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Em uma rápida pesquisa no arquivo digital de discursos da Câmara dos Deputados, é possível verificar que o presidente Jair Bolsonaro – que foi deputado federal por 28 anos – subiu à tribuna várias vezes para reclamar do contingenciamento feito pelos governos da época, sempre no sentido de corte orçamentário.

Por várias vezes, comparou o bloqueio de recursos federais a "roubo". O foco de Bolsonaro em seu período como deputado era, quase sempre, o congelamento das verbas para as Forças Armadas. Agora, como presidente da República, o ex-deputado deve promover um contingenciamento de mais de 40% das verbas dos militares, segundo estimativa do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva.

"Querer acabar com as Forças Armadas é uma coisa, mas não podemos admitir que o governo, com recursos já um tanto diminutos para as Forças Armadas, continue contingenciando o pouco que elas têm", reclamava Bolsonaro em 2003, no primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

"Dado o contingenciamento de recursos, os soldados que prestam o serviço militar obrigatório em Brasília não têm jantar. [...] A reclamação que tem chegado é a de que esses soldados, muitos com o abrigo de sua unidade, passeiam à noite no Carrefour Norte e ficam beliscando uma banana perdida aqui, uma uva um pouco mais estragada ali, um saco de biscoito aberto mais adiante", discursou meses depois.

No ano seguinte, classificava como "roubo" o bloqueio de verbas. "Do nosso Fundo de Saúde [dos militares], descontado em nosso contracheque, metade é contingenciado, o certo seria dizer roubado, e vai para o tal superávit primário, para pagamento dos juros da dívida."

Nesta quinta-feira (16), em Dallas, Bolsonaro se irritou com a pergunta de uma jornalista que usou a palavra "corte" na educação, e não "contingenciamento". Minutos antes, o próprio presidente havia usado o a palavra "corte" ao falar do bloqueio de verbas.

"O corte de verbas, você tem que entender, não é maldade de ninguém. Não tem dinheiro. Então, o contingenciamento, que é a palavra certa, foi um pequeno percentual nas despesas discricionárias", disse Bolsonaro.

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