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Eleições 2022

Bolsonaro deve se filiar ao PL para disputar reeleição; PP indica vice

Presidente Bolsonaro estava sem partido de 2019, quando deixou o PSL (Foto: Clauber Cleber Caetano/PR)

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O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (8) que sua filiação ao Partido Liberal (PL), presidido pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, está praticamente certa. Integrante do Centrão, a sigla tem a terceira maior bancada da Câmara com 43 deputados, atrás apenas do PSL (54) e do PT (53).

"Está 99% fechado. A chance de dar errado é quase zero. Está tudo certo”, afirmou Jair Bolsonaro à emissora CNN, dizendo também que o martelo deverá ser batido na quarta-feira (10), quando terá uma reunião com Costa Neto.

Interlocutores do presidente também afirmam que a filiação ao PL "está bem encaminhada" e que, se confirmada, ocorrerá no dia 22, em Brasília.

Segundo informações de bastidores, o Partido Progressista, que também se colocou à disposição para abrigar o projeto de reeleição do presidente da República, deve indicar o vice-presidente da chapa de Bolsonaro. Uma liderança do PP confirmou a informação à Gazeta do Povo, mas disse que um nome ainda não foi definido.

Em um áudio divulgado pelo site O Antagonista, Costa Neto fala a um de seus assessores que Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil e presidente do PP, já foi avisado sobre a filiação de Bolsonaro ao PL. “Eu sempre falo com o presidente, sempre tive contato com o Bolsonaro e agora as coisas andaram. (…) Ele falou comigo hoje que falou com o Ciro, e o Ciro entendeu. E nós vamos, então, tocar para frente esse assunto. Vamos ver quando que vamos fazer essa filiação”, disse o presidente do PL.

Bolsonaro está sem partido desde 2019, quando deixou o PSL após desentendimentos com a cúpula da sigla. Desde então, o presidente tentou criar o Aliança Pelo Brasil, mas o projeto acabou não saindo do papel e com isso ele passou a negociar sua filiação em outras legendas.

O partido de Valdemar Costa Neto entrou na disputa pela filiação de Bolsonaro há cerca de duas semanas, quando integrantes do PL se reuniram com aliados do presidente para tratarem sobre o tema. Nas redes sociais, Costa Neto chegou a publicar um vídeo onde afirmou que a legenda buscará “protagonismo” no próximo pleito e reafirmou alinhamento na “batalha de reeleição” de Bolsonaro.

“Preparamos a realização de um projeto partidário arrojado para 2022. Estamos reiterando o convite de filiação partidária ao presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e fiéis seguidores”, disse o presidente do PL.

Além do cacique do PL, a filiação do presidente contou com a mobilização de outros nomes do partido como a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, e os senadores Wellington Fagundes (MT) Jorginho Mello (SC) e Carlos Portinho (RJ).

Exigências para filiação ao PL

O presidente Jair Bolsonaro pretende indicar os candidatos ao Senado em todas os 26 estados e no Distrito Federal para as eleições do ano que vem. Esse ponto era colocado como condicionante para que o chefe do Palácio do Planalto fechasse com sua futura agremiação.

Além disso, Bolsonaro quer ter o controle de alguns diretórios estaduais do partido. Sem capilaridade em todos os estados, o PL poderá abrigar aliados do presidente em diversas regiões com estados do Norte e do Nordeste.

Em entrevista à Gazeta do Povo, um parlamentar aliado de Bolsonaro disse que o "PL deu uma abertura maior ao presidente para conversar possíveis mudanças". Também houve confirmação por parte do PL sobre essa abertura.

"O PL dá a ele mais conforto em todos os estados para indicar candidatos ao Senado", disse uma fonte do partido à Gazeta do Povo, salientando que o PP tem mais dificuldade de atender a essas demandas do presidente. Na Bahia, por exemplo, o PP é vice do Partido dos Trabalhadores (PT).

O PL também deve receber a filiação de cerca de 30 deputados aliados de Bolsonaro e que hoje estão no PSL. Contudo, essa migração só poderá ser feita no primeiro trimestre do ano que vem, quando abrir a janela partidária.

Partido do ministro Ciro Nogueira deverá indicar vice

Bolsonaro chegou a tratar da sua filiação com outras legendas, como o Progressistas (PP) do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Mas a chegada do presidente enfrentava resistências de algumas lideranças do partido, principalmente em estados do Nordeste.

Na avaliação de aliados do Planalto, a escolha pelo PL foi uma forma do presidente garantir o apoio do partido de Valdemar Costa Neto ao seu projeto de reeleição. No cálculo, segundo governistas, a indicação para o candidato a vice-presidente na chapa deve ser do PP.

Além do PP, Bolsonaro chegou a negociar sua filiação com o Patriota e com o PTB do ex-deputado Roberto Jefferson. Por meio de uma carta, Roberto Jefferson criticou Bolsonaro e seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), pelo que ele descreveu como "vício nas facilidades do dinheiro público".

“O presidente tentou uma convivência impossível entre o bem e o mal. Acreditou nas facilidades do dinheiro público. (…) Desfrutou do prazer decorrente do dinheiro público, ganho com facilidade, nunca mais se abdica desse gozo paroxístico que ele proporciona. Bolsonaro cercou-se com viciados em êxtase com dinheiro público; Farias, Valdemar, Ciro Nogueira, não voltará aos trilhos da austeridade de comportamento. Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é. Vide Flávio", afirmou Jefferson.

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