O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (8) que sua filiação ao Partido Liberal (PL), presidido pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, está praticamente certa. Integrante do Centrão, a sigla tem a terceira maior bancada da Câmara com 43 deputados, atrás apenas do PSL (54) e do PT (53).
"Está 99% fechado. A chance de dar errado é quase zero. Está tudo certo”, afirmou Jair Bolsonaro à emissora CNN, dizendo também que o martelo deverá ser batido na quarta-feira (10), quando terá uma reunião com Costa Neto.
Interlocutores do presidente também afirmam que a filiação ao PL "está bem encaminhada" e que, se confirmada, ocorrerá no dia 22, em Brasília.
Segundo informações de bastidores, o Partido Progressista, que também se colocou à disposição para abrigar o projeto de reeleição do presidente da República, deve indicar o vice-presidente da chapa de Bolsonaro. Uma liderança do PP confirmou a informação à Gazeta do Povo, mas disse que um nome ainda não foi definido.
Em um áudio divulgado pelo site O Antagonista, Costa Neto fala a um de seus assessores que Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil e presidente do PP, já foi avisado sobre a filiação de Bolsonaro ao PL. “Eu sempre falo com o presidente, sempre tive contato com o Bolsonaro e agora as coisas andaram. (…) Ele falou comigo hoje que falou com o Ciro, e o Ciro entendeu. E nós vamos, então, tocar para frente esse assunto. Vamos ver quando que vamos fazer essa filiação”, disse o presidente do PL.
Bolsonaro está sem partido desde 2019, quando deixou o PSL após desentendimentos com a cúpula da sigla. Desde então, o presidente tentou criar o Aliança Pelo Brasil, mas o projeto acabou não saindo do papel e com isso ele passou a negociar sua filiação em outras legendas.
O partido de Valdemar Costa Neto entrou na disputa pela filiação de Bolsonaro há cerca de duas semanas, quando integrantes do PL se reuniram com aliados do presidente para tratarem sobre o tema. Nas redes sociais, Costa Neto chegou a publicar um vídeo onde afirmou que a legenda buscará “protagonismo” no próximo pleito e reafirmou alinhamento na “batalha de reeleição” de Bolsonaro.
“Preparamos a realização de um projeto partidário arrojado para 2022. Estamos reiterando o convite de filiação partidária ao presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e fiéis seguidores”, disse o presidente do PL.
Além do cacique do PL, a filiação do presidente contou com a mobilização de outros nomes do partido como a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, e os senadores Wellington Fagundes (MT) Jorginho Mello (SC) e Carlos Portinho (RJ).
Exigências para filiação ao PL
O presidente Jair Bolsonaro pretende indicar os candidatos ao Senado em todas os 26 estados e no Distrito Federal para as eleições do ano que vem. Esse ponto era colocado como condicionante para que o chefe do Palácio do Planalto fechasse com sua futura agremiação.
Além disso, Bolsonaro quer ter o controle de alguns diretórios estaduais do partido. Sem capilaridade em todos os estados, o PL poderá abrigar aliados do presidente em diversas regiões com estados do Norte e do Nordeste.
Em entrevista à Gazeta do Povo, um parlamentar aliado de Bolsonaro disse que o "PL deu uma abertura maior ao presidente para conversar possíveis mudanças". Também houve confirmação por parte do PL sobre essa abertura.
"O PL dá a ele mais conforto em todos os estados para indicar candidatos ao Senado", disse uma fonte do partido à Gazeta do Povo, salientando que o PP tem mais dificuldade de atender a essas demandas do presidente. Na Bahia, por exemplo, o PP é vice do Partido dos Trabalhadores (PT).
O PL também deve receber a filiação de cerca de 30 deputados aliados de Bolsonaro e que hoje estão no PSL. Contudo, essa migração só poderá ser feita no primeiro trimestre do ano que vem, quando abrir a janela partidária.
Partido do ministro Ciro Nogueira deverá indicar vice
Bolsonaro chegou a tratar da sua filiação com outras legendas, como o Progressistas (PP) do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Mas a chegada do presidente enfrentava resistências de algumas lideranças do partido, principalmente em estados do Nordeste.
Na avaliação de aliados do Planalto, a escolha pelo PL foi uma forma do presidente garantir o apoio do partido de Valdemar Costa Neto ao seu projeto de reeleição. No cálculo, segundo governistas, a indicação para o candidato a vice-presidente na chapa deve ser do PP.
Além do PP, Bolsonaro chegou a negociar sua filiação com o Patriota e com o PTB do ex-deputado Roberto Jefferson. Por meio de uma carta, Roberto Jefferson criticou Bolsonaro e seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), pelo que ele descreveu como "vício nas facilidades do dinheiro público".
“O presidente tentou uma convivência impossível entre o bem e o mal. Acreditou nas facilidades do dinheiro público. (…) Desfrutou do prazer decorrente do dinheiro público, ganho com facilidade, nunca mais se abdica desse gozo paroxístico que ele proporciona. Bolsonaro cercou-se com viciados em êxtase com dinheiro público; Farias, Valdemar, Ciro Nogueira, não voltará aos trilhos da austeridade de comportamento. Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é. Vide Flávio", afirmou Jefferson.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF